Semana passada me bateu um desespero pelo fato de estar desemprego há tanto tempo que mandei um email para uma pessoa que conheci quando estava estagiando. É uma pessoa com muita experiência e bagagem de vida. Não mandei email pedindo emprego, só queria conversar um pouco, até mencionei que queria uma "luz" pois já não sabia o que fazer.
Ela me recebeu muito bem e tirou horas do trabalho dela pra falar comigo, não fiquei surpreso pois é uma daquelas pessoas bastante generosas, mas acho que mesmo assim ela não entendeu muito bem a minha situação. Não queria chegar falando que estou momento mais baixo da minha vida e isso tem me atrapalhado em arranjar alguma coisa, então me detive a falar sobre o mercado de trabalho (que também está muito complicado por aqui).
Inúmeras entrevistas, seleções... expliquei tudo pra ela e ficamos discutindo o fato de eu nunca ser selecionado. Ela me disse uma coisa óbvia e que eu já sabia: minha falta de networking. Devido às circunstâncias, não conheci muita gente para me indicar pra nada e mesmo as que conheci até hoje evitei tentar alguma coisa. Por quê? Não sei, talvez por vergonha mesmo de pedir, talvez por orgulho ou talvez por achar que não mereço nada mesmo. Na verdade é assim que eu vou pra essas entrevistas, já vou achando que o selecionador não deveria me escolher pois sou incompetente no que faço. A coisa mais contraditória.
O fato é que minhas chances são reduzidas já que o meu circulo social é reduzido, não conheço quase ninguém e a pessoa com a qual conversei me disse que isso, definitivamente, é um grande problema. Só com muita sorte pra conseguir alguma coisa mandando currículo pra vagas que você vê na internet ou jornais ainda mais uma pessoa sem experiência formal. Mas até agora é só o que tenho feito, além de vez ou outra distribuir currículos sem esperança pessoalmente em alguns locais. Mas de novo. são só currículos, ninguém me conhece.
Ela também me falou que eu estou desesperadamente em busca de um emprego (formal), mas que trabalho ainda existe. Na minha área, na situação atual, eu teria que ser uma pessoa mais ousada e procurar alternativas... resumindo: tentar coisas que eu não sei se consigo fazer ou que acho que não tenho capacidade.
Saí de lá até com algumas ideias mas que não sei se sairiam do papel já que não sei por onde começar direito e, pra ser sincero, não acredito muito em mim, não mais.
Eu não sei, eu não tenho esse instinto de sobrevivência ou ambições na vida. Às vezes, parece que só estou esperando morrer mesmo (tive essa nítida sensação voltando no ônibus). Se fosse uma pessoa que realmente quisesse se dar bem acho que me daria. Só não sei até que ponto isso é falta de oportunidade, sorte, ousadia, competência ou um estado mental razoavelmente legal que me faça parar pra pensar em alguma coisa.
Só pra constar: mais uma vez meus remédios parecem ter parado de funcionar como deveriam. Novo recorde: 1 mês e meio.
quarta-feira, 30 de março de 2016
quinta-feira, 24 de março de 2016
Morar no exterior e a depressão
Acho que já contei aqui que já morei em uma uma república e que não foi uma experiência nada boa. Acho que a parte que não contei é que, na verdade, morei um tempo longe de casa, fora do país pra ser mais preciso.
Eu sabia que ter essa experiência seria difícil,, mas já havia juntado tanto dinheiro pra isso, achando que faria alguma diferença na hora de arranjar um emprego que achei que não poderia desistir. E não desisti mesmo. Na época eu ainda me negava a recorrer a qualquer tipo de ajuda. resultado: quase um ano depressivo longe de tudo e de todos num lugar onde tudo era estranho pra mim e cheio de pessoas com as quais eu não estava preparado pra lidar.
Hoje não sei se me arrependo da experiência, talvez sim pois foi, provavelmente, o ano no qual eu mais me senti sozinho em toda a minha vida, Às vezes saía pela cidade, caminhava pelas ruas sem fazer nada, eu não tinha vontade de fazer nada e mesmo quando planejava algo que achava que seria legal, acabava por ser chato já que eu não estava bem. Outra coisa que sentia muito era a sensação de não pertencimento. Lógico, outro país, outros hábitos, mas eu me sentia em outro universo, um sentimento ainda mais forte do que o habitual que sempre senti.
Dia desses assisti um filme chamado "Encontros e Desencontros" (que acabou virando um dos meus filmes favoritos) e me identifiquei muito com os personagens, nem tanto por causa dos problemas com a língua (eles sofrem muito com essa barreira no filme) pois sabia um pouco, mas pela estranheza de estar em uma cidade grande sem conhecer ninguém e distante de tudo que era acostumado. Além disso, eles não sabiam exatamente o que queriam da vida, assim como eu. Coloquei uma cena que gosto muito abaixo. Essa sensação de caminhar sozinho, não só na rua, mas na sua cabeça. Há muita gente, mas nenhuma delas importa, no meu caso, quase não me enxergava como pessoa, era mais como uma coisa andando por aí, tentando prestar atenção em alguma coisa que me distraísse.
O lado bom é que eu acho que testei os meus limites. Não morri. Tive crises depressivas e de ansiedade e lidei com tudo sem ajudada de nada, eu sobrevive. Fui extremamente imprudente, pois sabia que estava na pior, mas prossegui, fui teimoso. Porém, talvez, no fim das contas, eu aprendi uma lição. Talvez eu já tenha vindo aqui falar que já cheguei no meu limite, mas analisando direito, depois de tudo aquilo, eu acho que meu limite ainda não chegou ou então eu teria me matado lá mesmo. Nossa, eu tive cada dia ruim, tantos sintomas, tanta tristeza durante tantas semanas sem parar.
Recomendo essa experiência pra uma pessoa que está passando por dificuldades parecidas? A resposta é um sonoro NÃO. Diria que é melhor se cuidar com o apoio das pessoas que você gosta (se você tiver esse tipo de apoio) e procurar um atendimento psiquiátrico ou psicológico mesmo, pois quando olho pra trás e penso naquele ano acho que foi meio que um obstáculo muito alto que eu achei que saberia lidar, mas não soube. Eu acho também que algumas pessoas vão em busca de coisa parecida como uma forma de fugir de algum problema que possuem. Não sei com relação aos outros, se essas pessoas conseguem fazer isso ou não, mas segundo a minha experiência, você pode se afastar de tudo e de todos, mas os sentimentos você carrega pra sempre, não importa onde.
Eu sabia que ter essa experiência seria difícil,, mas já havia juntado tanto dinheiro pra isso, achando que faria alguma diferença na hora de arranjar um emprego que achei que não poderia desistir. E não desisti mesmo. Na época eu ainda me negava a recorrer a qualquer tipo de ajuda. resultado: quase um ano depressivo longe de tudo e de todos num lugar onde tudo era estranho pra mim e cheio de pessoas com as quais eu não estava preparado pra lidar.
Hoje não sei se me arrependo da experiência, talvez sim pois foi, provavelmente, o ano no qual eu mais me senti sozinho em toda a minha vida, Às vezes saía pela cidade, caminhava pelas ruas sem fazer nada, eu não tinha vontade de fazer nada e mesmo quando planejava algo que achava que seria legal, acabava por ser chato já que eu não estava bem. Outra coisa que sentia muito era a sensação de não pertencimento. Lógico, outro país, outros hábitos, mas eu me sentia em outro universo, um sentimento ainda mais forte do que o habitual que sempre senti.
Dia desses assisti um filme chamado "Encontros e Desencontros" (que acabou virando um dos meus filmes favoritos) e me identifiquei muito com os personagens, nem tanto por causa dos problemas com a língua (eles sofrem muito com essa barreira no filme) pois sabia um pouco, mas pela estranheza de estar em uma cidade grande sem conhecer ninguém e distante de tudo que era acostumado. Além disso, eles não sabiam exatamente o que queriam da vida, assim como eu. Coloquei uma cena que gosto muito abaixo. Essa sensação de caminhar sozinho, não só na rua, mas na sua cabeça. Há muita gente, mas nenhuma delas importa, no meu caso, quase não me enxergava como pessoa, era mais como uma coisa andando por aí, tentando prestar atenção em alguma coisa que me distraísse.
O lado bom é que eu acho que testei os meus limites. Não morri. Tive crises depressivas e de ansiedade e lidei com tudo sem ajudada de nada, eu sobrevive. Fui extremamente imprudente, pois sabia que estava na pior, mas prossegui, fui teimoso. Porém, talvez, no fim das contas, eu aprendi uma lição. Talvez eu já tenha vindo aqui falar que já cheguei no meu limite, mas analisando direito, depois de tudo aquilo, eu acho que meu limite ainda não chegou ou então eu teria me matado lá mesmo. Nossa, eu tive cada dia ruim, tantos sintomas, tanta tristeza durante tantas semanas sem parar.
Recomendo essa experiência pra uma pessoa que está passando por dificuldades parecidas? A resposta é um sonoro NÃO. Diria que é melhor se cuidar com o apoio das pessoas que você gosta (se você tiver esse tipo de apoio) e procurar um atendimento psiquiátrico ou psicológico mesmo, pois quando olho pra trás e penso naquele ano acho que foi meio que um obstáculo muito alto que eu achei que saberia lidar, mas não soube. Eu acho também que algumas pessoas vão em busca de coisa parecida como uma forma de fugir de algum problema que possuem. Não sei com relação aos outros, se essas pessoas conseguem fazer isso ou não, mas segundo a minha experiência, você pode se afastar de tudo e de todos, mas os sentimentos você carrega pra sempre, não importa onde.
quarta-feira, 9 de março de 2016
Retrato de uma semana ruim (ou tendo um ataque de pânico na entrevista de emprego)
Image courtesy of Master isolated images at FreeDigitalPhotos.net |
Eu sabia que essa semana ia acabar assim mesmo, na verdade eu não sei como isso não aconteceu há alguns dias atrás quando escrevi minha última postagem. Coração acelerado, suando frio, falta de ar, tontura, confusão mental... passei mal no meio da entrevista de emprego e deixei a pessoa que me recebeu sem entender nada.
- Desculpa, eu não tô me sentindo bem.
- Está nervoso? Passando bem? Não se preocupe, só estamos
conversando. Quer uma água?
- Não, eu acho que vou embora, desculpa. E vou pela porta
apressado.
Saio do estabelecimento meio que sem saber o que fazer, minha
garganta e barriga doíam, é adrenalina demais. Tinha uma praça na frente, eu
vou procurar um lugar pra sentar (ou tombar). Jogo a mochila em cima do banco e
sento olhando pro chão, tentando respirar, não dá certo. Tento todas as
posições que conheço e percebo que sentado fico pior. Levanto e tento fazer
algum exercício de respiração... “Essa merda nunca funciona comigo!”. Não tem
outro jeito: pego o celular com as minhas mãos geladas e ligo pro meu pai, digo
que estou passando mal e queria que ele me buscasse. E esperar foi a pior
parte. Fiquei lá sofrendo por uns 20 minutos, pensando em um monte de coisas
que já escrevi aqui. Minha cabeça sabe trazer tudo de ruim que eu penso pra
esse momento, vou lembrando de várias situações, cada uma pior do que a outra.
Penso também no que vou fazer quando chegar em casa, meus remédios acabaram. Ir pra emergência? Estava decidido, só
esperaria meu pai chegar pra me levar, queria um sedativo, qualquer coisa.
Na hora a gente acha que vai morrer e quando isso acontece é
nisso mesmo que eu penso: morrer logo de uma vez, acabar logo essa palhaçada. É
assim que eu me sinto: um palhaço, acordando todo dia pra ver a vida rindo de
mim e nessas crises esse sentimento é multiplicado por 10. É um desejo que nem
dá pra explicar, é impulsivo mas é feroz, parece a hora perfeita pra dar um fim
e, por alguns instantes, parece que vale muito a pena. Depois da crise eu fico assustado
com as coisas que eu penso mas é isso aí que vem na minha cabeça.
A falta de ar e a cabeça não dão trégua. Sento e levanto do
banco várias vezes pra ver se faz alguma diferença. Nada muda. Resolvo deitar e
olhar pro céu e aí respiro um pouco melhor. E finalmente meu cérebro começa a
funcionar melhor: “Ao menos não estou mais fazendo a entrevista, poderia estar
pior. Pelo menos não estou mais lá dentro.” Percebo que esse pensamento me
ajuda e continuo tentando focar nele. “Mas eu pareci um idiota na frente da
moça, nunca vou conseguir um emprego”, minha ansiedade sobe. “Eu nunca mais vou vê-la mesmo”, minha ansiedade
desce. E fico assim por um bom tempo pensando sobre um monte de coisas sobre
mim, uma montanha-russa.
Meu pai nem me ligou pra saber onde eu estava, ele já sabia
que provavelmente estaria tentando me acalmar ali. Olha pra minha cara e
pergunta se eu quero ir pro hospital. Eu vou, deixo meu pai explicar a situação e eles me dão um sedativo, finalmente tenho vontade de dormir. Depois de algumas horas decido ir pra casa.
Fui ao psiquiatra novamente e fiz questão de pedir alguma coisa pra dormir, de volta ao Lioram e Bromazepam. Tomei uma dose alta agora, ainda me sinto um lixo, mas pelo menos meu corpo se acalmou.
Fui ao psiquiatra novamente e fiz questão de pedir alguma coisa pra dormir, de volta ao Lioram e Bromazepam. Tomei uma dose alta agora, ainda me sinto um lixo, mas pelo menos meu corpo se acalmou.
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