Retrospectiva 2019

Como é tradição, faço mais uma postagem com pontos positivos e negativos do ano que está acabando.

Coisas boas:

- Após muitos testes, mudanças de medicamento e dosagens, posso dizer que meu problema de falta de ar 24 horas por dia, 7 dias por semana, que tanto relatei aqui, encontra-se muito melhor. O Ano de 2017 foi um ano de esperanças com relação à isso e o ano de 2018 foi um período de medo de que a medicação parasse de funcionar. Mas, em 2019, acho que finalmente posso dizer que encontro-me estável, hoje eu tenho crises de falta de ar (como a maioria das pessoas com ansiedade tem) e não preciso conviver com isso a todo o momento. Sou grato por isso, foram quase 27 anos de desespero. Pode ser que eu precise tomar remédios para o resto da vida por conta desse problema, mas não me importo.

- Não consigo seguir uma dieta, mas resolvi levar a academia mais à sério. Meu corpo parece melhor e minha autoestima também.

- Voltei a fazer sexo. Na verdade, nunca tive uma vida sexual estável, mas hoje tá até legal. Tudo isso, com certeza, veio com mais confiança que sinto com a melhora da minha aparência devido à musculação. Poderia estar melhor se os remédios não atrapalhassem. Sim, o que tomo, infelizmente, causa certa diminuição da libido. Outra coisa: as pessoas são superficiais mesmo e você consegue sexo fácil de se tiver um corpo considerado "legal".

- Quem gostava de mim ficou do meu lado e quem não gostava nunca mais falou comigo.

Coisas ruins:

- Minha medicação me deixa bem mais estável mas, em situações de crise, ela piora a situação em 100%. É difícil explicar, mas, se não ocorre nenhuma situação extrema, minha medicação me deixa bem mais legal, mas, se algo acontece para me preocupar, tenho momentos infernais. Se durante 29 dias no mês não sinto falta de ar, em um dia de crise forte, vou para a emergência quase sem conseguir respirar. É o dia que realmente considero me matar e pular da janela do meu quarto. É uma confusão mental e desconforto físico descomunal. Há alguns meses atrás, tive que pedir para me vigiarem pois falei com todas as letras que gostaria  e estava pronto para me matar.

- Estou desempregado e sem perspectiva profissional nenhuma.

- Bebi muito.

- Continuei dando muito importância para críticas. Todos os episódios de extrema ansiedade foram devido a isso. Queria parar de dar ouvidos para esse tipo de coisa bem como parar de me criticar tanto. Não quero mais me odiar tanto em 2020.

Me sinto um merda sem valor até quando vou transar

É sempre a mesma coisa, no sexo sempre acho que eu não mereço nada. Sou sempre eu que tenho que fazer de tudo pra que a pessoa fique satisfeita, sou sempre eu que digo "sim" para coisas que não estou a fim de fazer e digo "não" para mim mesmo quando quero algo mas não quero pedir. Todo mundo está mais preocupado consigo mesmo nesse quesito, por que eu não posso estar também?

Quando me tornei uma pessoa que se sente tão insignificante e que não merece merda nenhuma até nisso? Por que eu acho que nunca mereço nada? Tenho um medo muito grande de não agradar as pessoas em tudo o que faço e acaba que não é diferente comigo no sexo. Há uma diferença muito grande entre ser generoso e achar que realmente não merece nada. Acho isso tão chato, tão injusto comigo mesmo.Digo isso porque sexo deveria ser uma coisa que distrai, libera tensão, deveria, teoricamente, diminuir minha ansiedade. Em certa medida, durante o ato, me sinto mais relaxado, mas depois vejo que as coisas não foram como eu realmente queria e me pego frustrado. Ontem isso ficou muito claro pra mim quando uma pessoa me disse com todas as letras que gosta de ficar comigo porque na cama eu faço tudo pra ela e não me importo nadinha comigo. Talvez pessoas que sabem equilibrar a generosidade e o egoísmo de forma melhor se sentissem elogiadas, mas eu fiquei furioso, com muita raiva de mim mesmo.

Ficar mais consciente de que você se odeia, que acha mesmo que você é um verme sem valor e que você se pune de modo irracional é uma merda!

Uma análise das estatísticas desse blog

64.332 de visualizações

Com toda certeza muitos são bots que chegam até aqui sabe-se lá para o quê.

Postagem com mais acessos

A postagem desesperada que fiz sobre suicídio em 2016, sendo cobaia de remédios. Tem 2246 visualizações. Imaginei que uma postagem dessas seria a mais vista. Claro, a maioria das pessoas que chegam aqui digitam algo relacionado a isso no Google. Espero que leiam as minhas postagens mais recentes também onde falo que hoje a coisa está mais suportável.

Postagem mais comentada

A postagem que fiz sobre morar no exterior e ter depressão. Essa também foi uma das postagens que mais despertou interesse nas pessoas em me contactar por e-mail. Pelo visto, morar em um lugar desconhecido com problemas na cabeça é uma dureza mesmo e eu não estava sozinho.

Sem surpresas, todas as coisas mais populares  aqui são as quais exponho as desgraceiras da minha vida e que sei que muitos se identificam. "Mas quase todas as suas postagens são sobre como a vida é uma merda". Sim, eu sei, só fico pensativo com a quantidade de gente que também encontra-se na pior.

Recentemente comecei a procurar outros grupos de discussão sobre temas relacionados ao mundo dos problemas mentais, já que a plataforma de blog é velha e todos nós sabemos que ninguém mais lê esse tipo de coisa. Acabei achando alguns grupos de whatsapp e confesso que fiquei meio chocado com as pessoas revelando seus maiores problemas, menos e angústias de forma tão aberta. Talvez um dia eu chegue lá. Eu já achei que não, mas conversar sobre essas coisas pode ser muito bom.

Só consigo fazer sexo

Nos últimos anos, com a medicação certa, exercícios físicos e outros truques que aprendi para amenizar minha ansiedade, talvez a maior das coisas que ressurgiu na minha vida foi minha vida sexual. Deixo claro, não é tão ativa assim, mas, com certeza encontra-se mil vezes melhor do que era antes. Não sou um cara bonito, inclusive já falei sobre isso aqui, não me acho um cara interessante mas, devo dizer, não considero difícil achar alguém pra ficar ou transar. Aliás, hoje, com a internet, com tanto aplicativo, sites pra você achar (ou até pagar, caso não se importante em pagar prostitutas ou garotos de programa), considero que os únicos impedimentos para alguém ficar em celibato são a ansiedade extrema, timidez extrema, depressão extrema, falta de libido por algum motivo ou só falta de dinheiro mesmo. Como consegui melhorar, em certa medida, em três desses fatores, estou bem melhor agora.

O fato é que vivo uma situação conflitante: tenho imenso receio em viver algo mais com outra pessoas, tenho muito medo disso, mas, ao mesmo tempo, fico chateado de buscar pessoas para fazer sexo somente. Na verdade, confesso que busco o puro sexo porque, de alguma forma, sinto que assim sou menos rejeitado. Percebo que as pessoas tendem a ser menos seletivas para transar. Ter um relacionamento sério, por outro lado, é outra história. Só de pensar que vou ter que me abrir para a pessoa, dizer pra ela que tomo remédios, que sou frustrado com a minha vida, que sou um cara de 28 anos sem estabilidade nenhuma e à beira do desemprego mesmo com duas graduações nas costas (o que mostra grande incompetência), já penso duas vezes.

Também tem outra questão que considero importante: apesar de ser uma pessoa carente afetivamente, tenho medo de compromissos desse tipo porque, sinceramente, não sei se teria uma vida sexual feliz com apenas uma pessoa pelo resto da minha vida. Talvez pense dessa forma porque passei muito tempo sem sexo e esteja "aproveitando", mas creio que não. Com toda a sinceridade do mundo, pelo que conheço das pessoas agora, pouquíssimas pessoas são realizadas e plenamente felizes com suas vidas sexuais em relacionamentos de média e longa duração. É uma visão pessimista? Sim. Vejo o homem como um ser muito mais animalesco do que ele tenta não parecer? Sim, mas é o que constato por aí.

Resumindo: às vezes gostaria só de um abraço, de alguém pra dizer que vai ficar tudo bem, mas o preço que pagaria por isso me afasta.

Serei mais específico

Estava vendo algumas postagens anteriores, acabei lendo postagens de alguns meses atrás e depois de alguns anos atrás. Percebi que poucas vezes descrevo exatamente o que me acontece. Depois vi o nome do blog, há o nome "diário", o que denota algum tipo de confissão. Com certeza aqui confesso boa parte da desgraceira da minha vida, mas poucas vezes sou bem claro no que aconteceu para desencadear a ansiedade ou qualquer outro sentimento. Estranho, até aqui nesse espaço tenho medo de me abrir para os outros. Até aqui tenho receio de expor exatamente o que está se passando. Então o negócio é o seguinte: vou começar a ser mais específico. Vou falar de sexo, vícios, álcool e situações muito específicas que me fazem querer morrer... tentarei ser o mais honesto possível. Talvez choque, talvez veja alguma empatia da parte de quem lê, não sei. Só sei que depois de 4 anos de blog, acho que gostaria de escrever dessa forma.

A difícil tarefa de não se comparar aos outros

Pessoas mais atraentes que você, mais inteligentes que você, com mais oportunidades que você, com mais gana que você... a gente sempre encontra gente assim. Difícil é não se comparar e, a partir daí, traçar meio milhão de pensamentos negativos e destrutivos. Tendo a sempre juntar os pontos e ligar tudo isso que considero muito melhor nos outros do que em mim ao tempo que venho perdendo. Recentemente fiz 28 anos e o que não paro de pensar são coisas como:

"Fulano é mais novo do que eu, com essa aparência deve ter aproveitando muito";

"Ciclano já fez tanto com tão pouca idade. Olha como tá bem estável na vida";

"Com 25 anos, Beltrano já fez isso, aquilo, continua fazendo e tem vários planos. Não tenho ideia do que quero e, realmente, não quero fazer nada".

É uma inércia misturada com desesperança. Penso que há coisas que dificilmente conseguirei recuperar justamente por causa do meu maior inimigo: o tempo. Preciso trabalhar nisso.

Sempre soube que a minha vida seria uma desgraça

Parece mentira, mas não é. Eu sempre soube. Se eu, com 12-13 anos de idade, já me pegava sonhando com o dia que a minha vida seria totalmente diferente, é porque eu já sabia. Já sabia mesmo.

A preguiça e o desinteresse

Coisas para falar com muito pouca vontade de escrever. E se tivesse uma máquina que transferisse pensamentos direto para o Word? Bom, né? Melhor ainda se o ela arrancasse todo o seu subconsciente e colocasse em imagens dessas bem psicodélicas pra você ficar olhando. Pronto, esse blog inútil finalmente iria pra frente. Aliás, qual é a finalidade desse espaço mesmo que eu já esqueci?

Distantes de tudo

"Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo"

Aceitação

Tenho parado para pensar muito menos em meus defeitos. Não que isso faça com que pense mais em minhas qualidades, mas ter diminuído a frequência e a força dos pensamentos negativos sobre mim mesmo têm me ajudado bastante. 

Minha ansiedade aumentou consideravelmente nas últimas semanas. Corpo criando resistência à medicação? Talvez, mas continuo tendo uma qualidade incomparável a que tinha antes. Passo o dia inteiro com sono e extremamente fadigado, mas tudo vale a pena. O cansaço dá certa trégua pra minha mente.

Ontem acabei saindo com alguns colegas do trabalho (ainda sou estagiário, na verdade) e foi um tempo muito bom. Acabei chegando muito mais cedo do que o restante do pessoal e fiquei sem assunto com a outra única pessoa que estava lá. Em tempos passados provavelmente me sentiria muito mal não só por estar ali diante das pessoas mas também por não ter o que conversar. Dessa vez simplesmente estava ali, deixei as coisas acontecerem e pronto. Não tinha o que falar? Ficava calado. Eu queria falar? Falava logo. Eu queria rir? Ria logo. Não achava graça numa piada? Ficava na minha. E quer saber? Funcionou. Sem pressão de mim para mim mesmo antes, durante e depois. A bebida ajudou, claro. Me sinto totalmente tranquilo com relação ao dia de ontem. Há alguns anos atrás estaria com muita falta de ar só de lembrar que teria que rever as mesmas pessoas no trabalho mas hoje estou ok.

E é isso, espero continuar assim. Espero ficar ainda melhor.

Balanço de 2018

Um pouco tardio mas quis escrever.

A parte boa:

- Voltei para a academia pós a pausa que dei para trabalhar. Fazer musculação foi uma das melhores coisas que já arranjei pra mim vida. Exercícios físicos ajudam muito.
- Novos medicamentos funcionando muito bem e melhora incrível em relação ao meu problema de falta de ar constante.


A parte ruim:

- Os medicamentos trouxeram uma apatia total com a vida. Mesmo nesse blog pouco tenho ânimo para postar escrever alguma coisa. Deve ter sido o ano em que menos postei.
- Meses de desemprego seguidos por uma ocupação que me faz muito mal e com um salário merreca. No momento não tenho dinheiro nem pra colocar créditos no meu celular.
- Falta de perspectiva. Não quero estudar e passei o ano inteiro pensando que não vou arranjar nenhum trabalho depois pois não conheço ninguém pra me indicar. Network inexistente.
- Minha memória continua um lixo.