Retrospectiva 2021

Coisas boas:

- Vou morar sozinho e tenho dinheiro para me sustentar.

- Passei o ano todo empregado e as perspectivas de trabalho na minha área são boas. Esse ano, fiz algo que nunca imaginei que faria na vida: recusei ofertas de emprego.

- Continuo em home office e, provavelmente, ficaria assim por uns bons anos. Não vou precisar me mudar para outro estado ou cidade para ter um salário mais digno. Duas graduações nas costas deveriam ter me dado mais retorno mas, pra um deprimido fudido na vida que só conseguia estágio mesmo com 27 anos, tá OK.

- Ajudei muito minha mãe e minha irmã financeiramente. Me alivia saber que consegui retribuir o que elas já fizeram por mim, principalmente minha irmã, que amo mais do que tudo nesse mundo.

-  Comprei um videogame, isso me ajuda a passar o tempo e tem sido um hábito muito mais saudável do que o meu vício em jogos eletrônicos que já relatei aqui há alguns anos.

- Fiz amigos que estão perto de mim há aproximadamente dois anos. São pessoas de coração muito bom e tenho conseguido reverter o meu bloqueio que sempre me impediu de fazer amizades duradouras. É uma baita vitória e, se não certo, será 100% culpa minha.

- Saí casualmente com algumas pessoas esse ano. Todo mundo do Tinder. Pra mim tá bom.

Coisas Ruins:

- Fiz 30 anos e a idade tem me deixado em situações muito desconfortáveis como pessoas mais próximas me perguntando porque não tenho ninguém ou filhos. Sinceramente, eu não sei muito bem o que quero mesmo.

- Mudei de empresa e, por conta de alguns impedimentos na aquisição do plano de saúde que essa empresa oferece, fiquei vários meses sem assistência médica e isso me atrapalhou.

- Na empresa anterior para a qual trabalhava, em alguns momentos, entrei em pânico. Fiquei mentalmente e fisicamente exausto por vários meses.

Home office e isolamento - caminhando para uma vida entre quatro paredes

Há cerca de dois anos tenho trabalhado de casa e, desde então, passo facilmente duas semanas sem sair de casa para nada. Não é exagero, realmente consigo passar esse tempo inteiro sem sair de casa e dou um jeito de viver assim. Trabalho no meu computador o dia inteiro e consigo pedir desde o meu almoço até remédios na farmácia pelos apps de delivery quando meus familiares aqui em casa não estão disponíveis ou dispostos a fazer esse tipo de coisa por mim.

Comprei um apartamento na planta há algum tempo e as obras já estão bem adiantadas. Muito provavelmente, até fevereiro já devo estar me mudando da casa da minha mãe e finalmente indo viver sozinho como sempre quis. Vou ter um pouco de paz, vivendo uma vida minimalista e longe dos problemas que essa casa carrega. Me ocorreu agora que, muito provavelmente, minha situação irá "piorar", isto é, creio que ficarei ainda mais tempo dentro de casa já que terei ainda menos afazeres que tinha aqui e que, vez ou outro, me obrigavam a sair.

Estou mais estável financeiramente, trabalhando para uma empresa maior, com um salário maior e um plano de saúde razoável. A empresa fica em outra região do Brasil, já conversei com o RH e já me falaram que, no meu caso, vou trabalhar nesse regime home office para sempre, não há necessidade de mudança. Eu simplesmente fiquei muito contente com isso, pois é uma forma de conseguir melhores salários sem que eu precise me jogar no desconhecido, tendo que me mudar. Porém, fico curioso como será a minha vida em alguns meses, será vou "me aguentar" com tanto tempo sozinho assim? Eu não tenho uma parceira (e não quero ter), não terei filhos e, nesse momento, nem cabeça pra ter um cachorro eu tenho. Serão 24h, sete dias por semana sozinho. Resta saber se serão de solidão ou de solitude.

Me sentindo um lixo mesmo estando "melhor", ou "vai entender a cabeça de um doido"

Estou em uma crise de ansiedade terrível há 3 dias. Descargas de adrenalina constantes e toda aquela merda que sempre escrevi aqui desde 2014. 

Recentemente, mudei de emprego, tenho uma renda de quase o dobro da que ganhava quando comecei a trabalhar com carteira assinada (ano passado). Dei entrada em um apartamento. Surpreendentemente está sendo tranquilo pagar as taxas de obra e até a entrada que dei (cerca de 30k). Tenho um plano de saúde bom, a empresa me dá benefícios legais como R$ 800,00 pra eu gastar só com comida e o mais importante de tudo: como trata-se de uma empresa de outro estado, continuo home office e já me avisaram que continuarei nesse modelo de trabalho mesmo após a pandemia.

Então por que estou em crise? O motivo: gente progredindo na vida muito mais rápido do que eu consegui durante meus 20s anos. Acho que sempre vou me sentir um fudido, não importa o quanto eu ganhe ou conquiste. Já fazem alguns anos que eu suspeito que pra mim nada nunca vai bastar e eu sempre vou me odiar, mas parece que agora as coisas estão se confirmando, parece que sempre vou me sentir um lixo. Sinceramente, acho que preciso dar mais uma chance pra terapias, tentar de tudo de novo.

Ansiedade e sexo casual

Tenho ciúmes de pessoas que saio só para sexo casual. Não suporto ouvir histórias de outras transas da pessoa, não suporto ouvir histórias de namorados da outra pessoa, odeio saber quantos namorados a fulana teve, se era dotado ou se não era. Sou um retardado porque sinto ciúmes. Isso mesmo, é ciúmes. Não é um sentimento de comparação e diminuição em tentar entender se sou melhor ou pior na cama do que os parceiros da outra pessoa, é simplesmente ciúmes mesmo. Quando estou com a pessoa só pra fazer sexo, quero que, de alguma forma, a pessoa pare o mundo dela e ache que só eu existo. Não gosto que essa pessoa procure outras pra transar e muito menos que venha me contar.

Possessivo, doido, carente, hipócrita, retardado ou tudo junto?

Estou em crise de ansiedade muito forte por conta disso. Melhor começar a apelar para a prostituição, esse sim é o verdadeiro sexo sem preocupação,

Medo de ter um patrimônio

Quem já se deu ao trabalho de me acompanhar nesse esgoto de lamentações sabe que uma das minhas maiores dores sempre foi ser um pobre, um pé-rapado vivendo com os pais e tentando contribuir com alguma coisa (muito pouca) para não me sentir tão parasita. Há mais ou menos um ano atrás, perto dos 30 anos, finalmente consegui meu primeiro emprego de carteira assinada. O trabalho pagava muito pouco pelo que eu fazia, mas, no decorrer desse ano, chegaram a reconhecer que meu regime era de mais-valia e acabaram ajustando meu salário para algo mais justo. Comecei ganhando pouco mais de um salário mínimo e agora estou ganhando dois salários. O trabalho também me dá alguns benefícios como plano de saúde e isso acaba fazendo eu economizar em consultas com psiquiatras, que são profissionais caros.

Enfim, há algum tempo tenho pensado em finalmente sair de casa e tenho cogitado financiar um imóvel. Estou dando uma pesquisa e, ao que parece, em teoria, seria possível pagar. O problema é que, diferente da imensa maioria das pessoas comprando imóveis, não sou casado e nem vou compor minha renda com ninguém. Ou seja, consigo menos subsídio dos programas do governo e, se eu ficar desempregado, estarei fudido tendo que pagar prestações de R$ 700,00 sem ter onde cair morto. Mais um vez, sou um cara sozinho, então ficar sem emprego significa que não terei mais ninguém para me ajudar nessa empreitada.

O fato é que quero muito sair de casa. Queria ficar sozinho, na minha, longe de qualquer lembrança ruim que tenho dessa família. Creio que isso vá acontecer ainda esse ano, só não sei se dando todo o meu dinheiro para alguém por aluguel ou vendendo minha alma para o diabo (mais conhecido como banco), financiando um apartamento em 30 anos.

Minha família está cada vez mais desunida e eu não poderia estar mais feliz por isso

Hoje tenho o prazer de falar que quase todos os membros da minha família estão melhores vivendo separados uns dos outros. Parte do meu ódio por mim mesmo e por essa vida veio da convivência com a minha família e tudo o que ela causou na vida de todos nós. Acordar e olhar em um ambiente cheio de mágoas, tristeza e desequilíbrio, especialmente quando eu era criança, fez com que eu perdesse muita da minha vontade de viver. Foi muito tempo vendo pessoas brigando, humilhando umas as outras, pedindo desculpas só para ter o prazer de acabar com a outra depois...

Acho engraçado quando ouço ou vejo coisas na TV sobre pessoas que lutam para que suas famílias permaneçam unidas. Desde criança, eu sempre quis que a minha vivesse separada, cada um no seu lugar, mas feliz, cada um a sua maneira.

Desejo aos membros de todas as famílias desestruturadas que, algum dia, tenham um pingo de consciência e procurem a felicidade longe dos seus laços biológicos. Senhores papais e mamães, se vocês acham que é legal serem infelizes e espalhar essa infelicidade para seus filhos em nome de uma instituição falida, quero mais é que vocês se arrombem. Senhores filhos, tenham mais coragem se a situação estiver ruim. Façam 18 anos e vão embora se a vida dentro do mesmo teto estiver um inferno.