Já se passou um ano desde que saí da casa dos meus pais e comecei a morar sozinho definitivamente. Digo "definitivamente" porque cheguei a fazer isso por alguns meses, em algumas ocasiões, mas nada definitivo. Pois bem, aqui estou eu, no meu "escritório", na minha cadeira, comendo a comida que eu fiz. O que eu tenho achado disso? Acho que isso veio com bastante atraso.
Eu gosto muito de morar sozinho. Gosto de ter liberdade para fazer tudo o que quero, andar e me vestir da maneira que acho melhor, de não ser acordado ao som de vassouras batendo nos móveis e, acima de tudo, de me sentir um ser que não é um peso morto para as pessoas. Ser independente me dá mais ânimo para viver, isso é nítido para mim.
Além disso, hoje tenho a plena certeza de que minha família teria tido uma história muito melhor se meus país tivessem se divorciado ao invés de levarem um casamento ruim. A vida conturbada do relacionamento dos meus pais acabou afetando (e muito!) minha vida e a vida dos meus irmãos. A maioria de nós já é independente, vive a própria vida e isso só melhorou nossos vínculos. No final das contas, o que nós precisávamos era de espaço. Precisávamos de espaço para sarar algumas feridas, repensar algumas coisas que aconteceram nas últimas décadas e sermos um pouco mais "nós mesmos". Acho que ser independente, e saber que o outro também é, faz com que a relação familiar seja mais amistosa. As pessoas ficam mais próximas porque assim desejam e não porque há uma relação de dependência.
Enfim, comecei falando sobre morar sozinho e acabei falando somente sobre como é bom ficar fisicamente longe da minha família. Acho que os desafios de morar sozinho ficam para uma outra hora.