quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Não gosto de me ver (ou como odeio a minha aparência)


Image courtesy of pixtawan at FreeDigitalPhotos.net

Acho que protelei um post sobre isso por muito tempo e a razão é muito simples: ninguém gosta de admitir que é feio. Mas eu senti que deveria escrever sobre isso, pois é uma coisa que me incomoda muito e, muito frequentemente, dispara a minha ansiedade de um jeito que eu nem consigo explicar. Na verdade, diria que algumas das minhas piores crises e piores dias ocorreram por estar pensando nisso ou coisas relacionadas à isso. Acho melhor colocar isso pra fora de uma vez, talvez isso me ajude. Não sei.

A verdade é que eu odeio a minha aparência (Mais uma coisa que faz o Skull se odiar? Que novidade). Sempre tive essa preocupação com o fato de ser feio, desde criança. Lembro de mim lá nos meus 12-13 anos chorando pelo simples fato de achar horroroso o que eu via no espelho. Pensando bem aqui, depois de muitos anos, acho estranho eu já me odiar tanto nesse sentido tão cedo, não lembro das outras crianças se mostrarem tão preocupadas assim. Notava que aquelas que sofriam bullying e eram constantemente chamadas de feias, se sentiam mal mesmo. Porém, eu lembro que ninguém nunca apontou a minha feiura diretamente, ninguém nunca chegou em mim e disse "Nossa, esse Skull é feio mesmo". Fico pensando se era pelo fato de eu não ter muitos amigos (e por isso não conhecia muita gente pra me falar isso) ou se eu realmente não era tão feio quando criança. O fato é que eu acho estranho ter tido esse sentimento de maneira espontânea. Ainda criança, eu chegava na meu quarto, me trancava e chorava pensando que ninguém iria querer ficar perto de mim, não iria ter amigos, nem namorada, nem nada. Uma criança de 12 anos chorando por se achar feia sem nunca ter sido chamada de feia, não sei como isso aconteceu, parece até que o meu desgosto pessoal era crônico.

Os anos foram passando e, além dos meus problemas de auto estima relacionados à minha personalidade, me sentia inferior pela minha aparência sim. Hoje melhorei um pouco nesse sentido, mas chegava a evitar lugares só por achar que chamaria muita atenção por ser a pessoa mais feia onde quer que estivesse, principalmente quando era adolescente. Isso também teve uma parcela de culpa com o fato de eu nunca ter namorado, nunca consegui acreditar que as poucas mulheres que me deram algum sinal, realmente queriam algo comigo. Primeiro por eu ter uma personalidade muito mais reclusa do que a maioria e segundo pelo fato de achar que a minha cara era horrorosa e, de certa forma, não estaria correspondendo as expectativas das outras pessoas. Logicamente, abordar mulheres me dava pânico e ainda dá. Coisa de derrotado, né?

É difícil admitir, mas a verdade é que eu me sinto uma pessoa pior e de menos valor por não ter uma aparência melhor. O interessante é que é um sentimento que só tenho por mim mesmo, nunca acho que outras pessoas que se dizem fora do padrão de beleza são piores ou melhores, mas EU me acho um lixo por isso. Talvez não só por isso, mas pelo fato de ter que lidar com mais isso. Sempre me senti assim. E é um sentimento tão forte que, quando misturado com outras coisas, muitas vezes, me fazem pensar que eu não pertenço a esse mundo, eu não deveria estar aqui. Acho que não ser exatamente muito bonito não quer dizer que você precisa se matar, mas eu não gosto de ser feio e triste, tudo ao mesmo tempo. Eu me sinto azarado, parece que tudo corroborou pra que eu crescesse desse jeito e não tem muita coisa que eu posso fazer a não ser aceitar. Aliás, essa aceitação é muito doída, dói muito saber que não vou poder nascer de novo com uma aparência melhor e tentar reescrever a minha história. Podem falar o que quiser, mas eu acho sim que ter uma boa aparência pode contribuir e muito pra uma auto estima melhor. Claro que há outros fatores que nos fazem gostar de nós mesmos, mas quando eu olho pra esses outros fatores, vejo que também não tive muita sorte com relação à eles. Isso me deixa mal, me sinto um ser sem muito significado. Não sou amado por ser bonito, também não sou amado por ser inteligente ou legal, não tenho nenhum talento extraordinário que faça as pessoas me acharem "especial". Sinceramente, não sei de onde extrair energia pra viver.

Só agora, depois das minhas sessões com o psiquiatra, eu vejo que essa questão da aparência contribuiu demais pra minha ansiedade exacerbada. Aliás, não só isso, mas outros pensamentos relacionados à me achar um merda também (alguns eu acho até que já falei). Um pensamento ruim aqui e lá de vez em quando eu acho que até vai, mas quando você tem a mesma ideia ruim passando pela sua cabeça todos os dias, durante anos, e ainda mais quando a sua mente ainda está se formando, você acaba colocando tudo pra dentro de você mesmo sabendo que não faz sentido. Eu sei que ser feio não me torna melhor ou pior do que ninguém, mas é o que eu sinto desde criança aqui dentro, será que alguém consegue entender? Espero que sim.

domingo, 29 de novembro de 2015

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Eu queria mais lembranças



É como um rio feito de gotas. A maioria das pessoas tem um rio normal, uma gota a mais ou uma gota a menos não vai fazer diferença. Pessoas sem muita coisa no passado têm um rio quase seco.

Cada gota é uma lembrança, mas nesse rio em particular elas quase não existem. Só resta ao rio tentar seguir o curso, quase parando, mas a água não flui, a água não vem, as lembranças são poucas. Afinal, qual é a motivação do rio?

Esse rio sabe que ele tem começo, meio e fim. O início desse rio sempre foi meio seco e contar com essas águas pouco adianta. Assim, o meio do rio quase não tem correnteza, é raso, fraco, sereno de uma maneira triste e é quase sempre interrompido por qualquer obstáculo.

Só resta ao rio imaginar e tentar mudar o final, talvez conseguir mais gotas até lá. Talvez ele consiga mais lembranças no meio, caindo de vez em quando como a chuva, talvez o futuro seja melhor. É nisso que esse rio acredita, é nisso que ele quer acreditar.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Acho que preciso de amigos



Já se vão pelo menos 10 anos sem nenhum bom amigo na minha vida.

A minha adolescência não teve conversas jogadas fora sem nenhum propósito, não fui convidado pra festas de nenhum tipo, não fui a nenhum balada com absolutamente ninguém, show também não. Na minha adolescência não tive nenhum melhor amigo, não tinha grupo nenhum pra ir pra praia nos finais de semana, nem mesmo alguém pra conversar nos intervalos entre as aulas no ensino médio. Não viajei com um grupo de "chegados", pois todas as minhas viagens foram feitas sozinho e passei dias sozinhos sem fazer absolutamente nada. Não recebi nenhuma ligação perguntando "e aí, o que você tá fazendo?!" e, acreditem, nunca ninguém me ligou pra me desejar um feliz aniversário (recadinhos em rede social não contam), também não tive namorada nenhuma já que sem conhecer ninguém isso é impossível. Enfim... não teve nenhum tipo de diversão envolvendo eu e mais alguém. E é isso, tem sido assim desde que me entendo por gente. Muitos conhecidos mas amigo nenhum, e só uma pessoa que vejo a cada três meses (e olhe lá). Aliás, até pouco tempo atrás achava que tinha esse amigo, mas nos vemos tão pouco e temos tido tão pouca coisa pra falar que acho que ele só fala comigo hoje em dia por pena.

Refletindo aqui eu vejo como essa coisa da falta de amigos foi nociva pra mim. Com certeza, esse isolamento acabou com a minha vida e só hoje eu vejo o quanto eu sempre tentei me enganar achando que não precisava dos outros. A verdade é que eu gostaria de ter amigos sim, pelo menos um pra ver regularmente, talvez fazer alguma coisa. É só que essa semana eu estava pensando o quanto é triste, depressivo e desesperador falar uma coisa dessas, mas com 100% de convicção eu posso dizer que sou uma dessas pessoas que não tem amigo nenhum. Estava aqui me sentindo como um fantasma vivendo em sociedade, a sensação é quase essa mesmo. É como não existir, é como se o fato de não ter o mínimo de importância pra ninguém (a não ser os meus pais) reforçasse o ódio que eu sinto de mim mesmo. Eu percebo isso, quanto mais fico sozinho mais minha depressão e sintomas de ansiedade aumentam, tem sido assim ao longo dos anos e hoje já está quase insuportável.

Essa semana eu estava fazendo alguma coisa que não lembro e minha mãe virou pra mim e perguntou "Skull, você não tem nenhum amigo? Você nunca trouxe ninguém aqui em casa, nenhuma namorada, nada, como pode uma coisa dessas?". Olhei pra ela e simplesmente falei: "Mãe, eu não tenho amigo nenhum, você sabe disso" e fui pro meu quarto imaginando a tristeza que ela sentiu. Imagina ter um filho desse jeito. Na hora não doeu em mim, mas depois que eu parei pra pensar naquilo fiquei muito deprimido. Sempre soube que não tinha ninguém pra conversar, mas nunca na mina vida tinha falado isso em voz alta. "Que espécie de ser nojento não amigo nenhum?" eu pensei a noite toda.

Como já falei por aqui, essa minha falta de amigos vem desde que eu era criança, era introvertido demais. Apesar de ainda ser muito tímido, já melhorei bastante nesse quesito, o meu problema é a minha baixa(ou nula) autoestima. Acho que essa merda aí que me fez me afastar das pessoas e ainda me faz dizer "NÃO" sempre que tenho a oportunidade de desenvolver alguma coisa com alguém. Eu tenho verdadeiro terror de ser rejeitado, por que eu acho que me sinto 10 vezes pior do que deveria quando isso acontece (nesses casos sempre tenho crises fortes).

Talvez eu precise de amigos mesmo. O problema é que não sei por onde começar, me parece que depois de uma certa idade fica meio difícil arranjar pessoas pra conversar. A maioria já está com o seu círculos sociais formados. Com certeza eu pequei bastante nisso, sempre fui do tipo que foge de situações sociais à qualquer custo já que não sei me comportar. Seria como aprender o Bê-a-Bá já que habilidade pra conversar e ser interessante eu não tenho.

Ao mesmo tempo que eu acho interessante, também não me vejo sendo amigo de alguém, é como se isso fosse impossível. Não sigo me imaginar sendo uma companhia agradável ou mesmo não fazer uma pessoa ficar entediada, eu me acho asqueroso demais pra isso. Eu sinto quase como se esse "mundo" onde as pessoas se divertem com as outras não fizesse parte do meu, nas raras oportunidades que pude sair com pessoas sempre me perguntava "O que estou fazendo aqui?". Aliás, eu percebo que essa coisa de sair é uma coisa muito comum entre amigos, acho que esse é um dos maiores empecilhos pra mim, eu simplesmente odeio sair de casa ou me comportar como um jovem normal e ir numa festa. Sou socialmente inapto pra conversar numa roda de pessoas tomando cerveja (e simplesmente acho isso um saco) e as pessoas sempre notam esse tipo de coisa.

Então não sei, talvez eu tenha que investir mais e, quem sabe, tenha sorte e encontre alguém igual a mim por aí, o que é improvável já que 99,9% das pessoas da minha idade gostam de coisas diferentes das minhas. Além disso ainda teria que deixar essa maldita depressão um pouco de lado, controlar a ansiedade extrema (que faz tempo que tá fora do controle) e ser mais sociável.

Tenho me sentido mal com essa solidão toda. Há meses estou desempregado e passo meus dias no computador, jogando vídeo game e chorando (principalmente de madrugada, acho a pior parte do dia). Não se se alguém aí consegue conceber isso, mas tenho lavado a minha vida dessa forma mesmo: eu acordo sem nenhum propósito e tenho 0% de contato com pessoas fora de casa. A única coisa que faço de vez em quando é ir pra praia sozinho quando olhar pra parede do meu quarto já está ficando perturbador.

É difícil dizer isso mas amigos pra mim ainda são um mistério. Me sinto cada vez mais sem importância.

Me desculpem pelo texto longo.


terça-feira, 13 de outubro de 2015

4:04 da manhã

Exatamente 4h04 da manhã e eu não consigo dormir. Depois de um dia totalmente apático não consigo pegar no sono. Não bastasse o fato de hoje ter sido Dia das Crianças, o que me fez refletir bastante sobre a minha vida (e como gostaria de acabar com ela), eu tive a "brilhante" ideia de abrir a porcaria do Facebook só para dar uma olhada. Não deu outra, foi só olhar aquelas fotos passando naquela timeline que eu tive uma crise depressiva e de ansiedade na hora.

Primeiro os pensamentos negativos, depois já comecei a sentir falta de ar e mal-estar no corpo. Tive que tomar meu remédio pra dormir e passei a tarde inteira dormindo (minhas crises só passam assim, eu preciso dormir mesmo). Agora estou aqui sem sono nenhum.

Ultimamente só tenho pensado o quanto eu fui azarado em ter nascido desse jeito. Me deprime saber que tem gente sortuda por aí que nasceu cheia de atributos físicos e de personalidade enquanto eu não tenho muitos. Isso me deixa pra baixo mesmo, é quase como se eu nunca tivesse tido nenhum valor desde que eu nasci e eu terei que viver assim pra sempre. É como uma prisão perpétua que só vai acabar quando eu morrer.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Por que sentimos nostalgia?

Vontade de viver uma época que geralmente não nos preocupamos com muita coisa? Vontade de voltar no tempo e tentar dar um jeito no futuro? O que exatamente é isso?

Os Cavaleiros do Zodíaco - Blue Dream


domingo, 20 de setembro de 2015

Eu e a bebida



Mencionei no post dos meu vício em vídeo game que eu também acho que tenho tendência para ser um alcoólatra. Acho que vou falar um pouco disso aqui.

Como eu disse, acho que muita gente que sofre dessas guerras internas direciona a frustração para vícios de vários tipos porque são coisas que as tiram um pouco da realidade. Uma das coisas que eu gosto muito é ficar bêbado. Digo "ficar bêbado" pois não gosto do processo de beber em si, não me divirto quando estou bebendo, nem gosto de conversar com ninguém, a única coisa que eu gosto é a sensação de esquecer um pouco de mim. Quando começo a beber tenho plena consciência de que quero apagar em pouco tempo, não tô nem aí pra socializar ou "curtir" nada ao meu redor.

É uma sensação que só a bebida consegue me dar. Me sinto leve, corajoso, forte e, estranhamente, me sinto igual a todo mundo, talvez pelo fato de não ficar pensando nos meus defeitos nessas horas.

Há alguns meses atrás, pouco antes de começar a ir ao psiquiatra eu estava fazendo isso mesmo, simplesmente ia num bar barato aqui perto e pedia tudo que tinha lá  até começar a me sentir "bem". Voltava pra casa e ia direto pra cama, podem até achar estranho, mas pra mim aquela foi a experiência perfeita: afogar as mágoas bebendo e depois dormir muito, quase 24 horas de anestesia. Fiz isso alguns finais de semana e dias da semana também (desempregado, né?).

Eu também já tive algumas experiência muito embaraçosas e por isso eu tento não beber mais. Já já fui inconveniente, já atrapalhei os outros, já fui um idiota. Daí eu comecei a fazer essas coisas sozinho mesmo, sem a companhia de ninguém. Acho melhor, não gosto de ficar chateando ninguém e mesmo quando estou "bem" não me enturmo e não converso nada que presta.

Agora eu tento ficar longe dessas cosas pois a essa altura isso mais vai me atrapalhar do que ajudar. Além disso eu já sei que essa combinação de álcool com remédios não dá certo, não quero ter nenhuma complicação desse tipo. Se bem que só essa coisa de ficar bebendo não é saudável, isso só por si só não é bom. Não sou um alcoálatra e nem quero ser.

Mas é isso, quando a vida tá uma merda a gente se desespera e faz qualquer coisa.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

6 dias é o meu recorde

4h da manhã e mais uma vez eu não consigo dormir por conta desses antidepressivos. Mais uma vez tive uns dias relativamente bons mas depois de uma semana voltei ao "normal" (que é uma merda). Eu já contei, meu recorde são 6 dias de alívio tomando essas pílulas, disso eu não passo. Agora estou só com os efeitos colaterais e o pior deles é a insônia.

Hoje me senti a pessoa mais desprezível, chata, feia, sem graça, idiota e descartável de todas. Meu sentimento de inferioridade parece que volta com tudo depois desses períodos mais tranquilos.

Pelo menos eu sei que vou dormir algumas horas e esquecer dessa merda. Agora é torcer pra não ter nenhum pesadelo (que me acontece com frequência).

sábado, 29 de agosto de 2015

Existe um mundo dentro do mundo

Frequentemente eu acho isso mesmo: o mundo, na verdade, é feito por dois.
Tem o mundo das pessoas e tem o meu. Às vezes, tenho plena convicção de que sou um intruso invadindo o mundo dos outros e meio que estou procurando um saída para o meu.
Daí eu fico aqui olhando, e olhando, e olhando... me sentindo cada vez menor.

Mais alguém aí se sente um invasor?

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Meu vício em jogos (ou meu mundo que não existe)



Super Nintendo - meu primeiro vídeo game
Acho que assim como eu muita gente é vidrado em alguma coisa. Depois de conversar com muita gente online parece que uma coisa muitos de nós perturbados com a nossa vida temos em comum: vícios. No meu caso esse vício sempre foi jogos eletrônicos.

Acho que todo mundo tem o seu escapismo e o meu sempre foi esse. Passei a minha infância e adolescência inteirinha jogando. Jogos online, offline, de estratégia, de tiro, casuais, mundos virtuais 3D, eu já joguei (e jogo) de tudo. Parece que quando eu estou jogando me esqueço um pouco do mundo aqui fora. Talvez quem não tem depressão ou algum tipo de problema não entenda, mas isso é muito reconfortante, principalmente porque em determinados jogos eu sou bom e essa ideia de ser bom em alguma coisa sempre me prendeu no video game já que na minha real eu me sinto um merda fracassado e inútil. Sempre me senti assim desde criança.

Acho que eu tinha uns 10 anos quando ganhei o meu primeiro video game: Um Super Nintendo. Acho que um foi época que o meu vício não me atrapalhou já que a internet não era popular. Eu ainda tinha amigos e sempre chamava todo mundo pra jogar em casa. Quando eu era criança não era tão tímido, então era uma coisa que mais reunia do que afastava, apesar de eu já ter começado a trocar conversas com os outros por horas jogando Zelda, Mario e Bomberman.

Depois eu tive um Playstation 1 e eu senti cada vez mais a minha vida social acabar. Depois de um tempo eu ganhei um Playstation 2, e a partir daí a minha vida social praticamente parou. Com uns 14-15 anos todos os meus colegas já faziam coisas diferentes das minhas que se resumiam a ficar em casa o dia todo jogando. Meninas, festas, curtição, etc, foram coisas que eu não conheci naquela época e nem queria saber. Paralelamente a isso, eu tive uma época difícil por volta dos 15, me odiava cada vez mais. Resultado? Tome horas e horas intermináveis jogando pra "afogar as mágoas". Na época eu não tinha essa consciência, mas sabia que era uma das únicas coisas que me dava prazer e que era fácil pra mim.

The Sims - passava horas e horas construindo a minha casa
Nem preciso dizer que o computador foi ficando cada vez mais popular e, é claro, eu encontrei mais jogos: Age of Empires, Counter Strike, The Sims e Roller Coaster eram só alguns dos que eu costumava jogar diariamente, além de jogos em Flash. Meio cansado de jogar sozinho e com o crescimento da internet eu fui procurar jogos mais "sociais".

Acabei achando um jogo chamado "Habbo" que era basicamente um chat online com alguns joguinhos. Hoje eu nem acredito que fiquei tanto tempo ali, mas eu achava interessante, era uma forma de conhecer pessoas sem precisar olhar pra cara delas e ser rejeitado. Naquela altura eu já não tinha muita habilidade pra conversar com as pessoas então eu achava ficar teclando o máximo, era muito mais fácil.
 
Alguns dos meus jogos do PS3
Os anos foram passando e eu fui cada vez mais me isolando das pessoas devido à depressão e os vídeo games ali como meu escapismo. E assim foi a minha vida toda até hoje. Continuo viciado em jogos online. Hoje tenho um Playstation 3 e jogo todos os dias até de madrugada, principalmente jogos de tiro em primeira pessoa como Battlefield. Acho que a minha situação só não é pior porque estou desempregado e não tenho dinheiro pra comprar mais jogos ou até um console novo, mas se tivesse grana o faria sem pensar duas vezes. Na verdade, acho que vai ser a primeira coisa que vou fazer se arranjar um emprego, simplesmente não consigo largar isso pois a maioria das atividades que eu tento fazer não me dão tanto prazer quanto ficar jogando.

Eu tenho plena convicção que perdi parte da minha vida e tudo o que eu não fiz quando era mais jovem se reflete hoje pois continuo sendo um solitário que passa todos os dias em casa. Porém, eu não tenho certeza se posso culpar especificamente vídeo games por isso. Será que se eu não tivesse passado tanto tempo em jogos a minha vida seria melhor? Às vezes acho que uma vida normal eu não teria mesmo então teria direcionado a minha depressão pra algum outro tipo de vício, quem sabe até pior tipo drogas ou álcool (aliás, álcool é outra coisa que acho que tenho tendências e acho que falarei sobre isso depois).

De qualquer forma, é muito decepcionante saber que apesar de jovem não vivi e não vivo nada pois não tenho ânimo nenhum e minha ansiedade não me deixa fazer merda nenhuma. Hoje a depressão está cada vez mais forte e parece que não vai acabar. É frustrante saber que a única coisa que te dá umas horas de prazer é um mundo que não existe.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Mais remédios e sentimento de ser um merda


Como os antidepressivos que eu tomei da última vez não funcionaram por mais de uma semana, voltei ao psiquiatra pra ver se ele me dava algo diferente. Acabou que ele acabou me dando outro remédio, mas ele disse que a composição é a mesma do anterior, só que agora eu tomaria uma dose mais forte.

Tenho tomado 15mg de Reconter e Lioran (pra dormir). Mais uma vez só frustração com os resultados: umas duas semanas de relativa melhora e depois praticamente estaca zero. Minha ansiedade voltou, continuo sentindo todos os sintomas físicos toda hora como sempre foi. Essas tentativas só me frustram, é tipo como chegar perto do céu e depois cair direto pra o inferno, acho que eu fico pior depois que tento e dá errado, é frustrante demais. Parece que o meu corpo cria resistência à medicação em poucos dias.

Eu queria ter coragem pra sair por aí distribuindo currículo pessoalmente, tirar a minha carteira de motorista ou fazer algo do tipo, mas com essa ansiedade não consigo. Da última vez que fui numa entrevista de emprego nem conseguir chegar lá porque tive um ataque de ansiedade dentro do ônibus à caminho. Pior é que alguns colegas já vieram me perguntar o que ando fazendo e eu fico com vergonha em dizer que não tô fazendo nada enquanto eles já estão trabalhando e ganhando dinheiro. Minha vida há anos é um lixo, mas há quase 8 meses a única coisa que faço é acordar e não ter nenhum propósito, só como e durmo o dia inteiro, e realmente não tenho vontade de fazer nada, só fico pensando quando vou me sentir melhor pra enfim tentar ser feliz. Tenho pensado aqui se vai ser assim pra sempre e se eu não deveria me acostumar com isso já que há anos é assim mesmo.e esses antidepressivos não estão me ajudando do jeito que eu queria.

Já passei 12 dias sem colocar o pé na rua pois toda vez que eu saio de casa me sinto pior ainda, só consigo me sentir um merda olhando pras pessoas.

domingo, 28 de junho de 2015

Fazer nada

Há duas semanas meu psicólogo me disse que eu teria que parar e analisar a minha vida, pois ele não poderia me ajudar se eu não soubesse qual é o meu problema. No final das contas é isso: eu não sei o meu problema, o que eu sei é que me odeio e me sinto mal.

Ele disse que quase sempre há uma causa para as coisas que a gente faz e sente, mas até agora eu nãos sei exatamente o foi que me fez ficar assim. Disse isso com a maior honestidade e sem tentar esconder o meu passado já que eu quero melhorar, mas eu não sei o que me dá tanta angústia. Da última vez que conversamos eu disse que talvez as minhas relações familiares que não foram muitos boas durante muito tempo tenham desencadeado numa piora (ou extinção) da minha autoestima que é quase zero. Mas eu também falei pra ele que sei que muita gente teve um passado pior que o meu, então se é esse o meu problema por que isso me afetou tanto ao ponto de eu não conseguir ter uma vida normal? Talvez tenha algo a mais sobre mim que eu não saiba, eu preciso descobrir porque me odeio tanto e gostaria de morrer ou trocar de vida (doce fantasia essa última).

Meu psicólogo me disse que eu realmente não tenho condições de trabalhar agora, já que eu tô uma pilha de nervos e estou com medo de começar a mostrar pras pessoas que eu estou ficando "doido". Ele falou que eu preciso pegar um tempo pra mim e me analisar o que me deixa tão mal e começar a trabalhar essa(s) coisa(s) específica(s). Mais uma vez, o problema é que eu não sei exatamente o que é, as minhas crises depressivas muitas vezes vêm do nada. Eu tenho sintomas de ansiedade quase que metade do meu dia (sensação de falta de ar, roer unhas, mãos geladas...) mas muitas vezes sem pensar em nada, pelo menos não conscientemente. Sinto que os sintomas e a minha sensação de ser um lixo já estão tão dentro de mim que eu não preciso mais de causas pra me sentir mal, simplesmente me sinto. Isso me dói muito, queria uma solução imediata e não mais meses de terapia.

Tenho medo de passar mais algum tempo e eu continuar sem ao menos saber o que precisaria trabalhar com mais profundidade na terapia. Também gostaria muito de sair de casa pois esse ambiente não me faz bem, mas sem dinheiro fica difícil.

Não sei.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Tempo

O tempo nunca vai voltar, todos esses anos que eu já perdi não vão mudar. Uma das maiores tristezas da vida é saber que não há nenhuma segunda chance, nenhuma. Não dá pra viver de novo, fantasiar uma vida que não se tem não resolve nada, isso só me coloca ainda mais pra baixo. Eu daria qualquer coisa pra nascer de novo, talvez sendo outra pessoa a minha história até aqui fosse diferente.

Essas pessoas que nascem e vivem felizes, elas só tiveram uma chance e deu tudo certo. Que sorte.

domingo, 31 de maio de 2015

Sobrevivência


Ontem eu estava navegando pela internet e me deparei com essa música da Emeli Sandé, é uma cantora britânica. A letra me chamou muita atenção, pois eu acho que fala exatamente de uma das coisas que mais me fazem ver o mundo de maneira ruim: o fato das pessoas serem capazes de fazer qualquer coisa mesmo que no fundo não queiram.

"Oh heaven, oh heaven
I wait with good intentions
But the day it always lasts too long"


Eu acredito que as pessoas querem ser boas de alguma maneira, mas nesse mundo que a gente vive isso é muito difícil. A maioria das pessoas só pensa em si para sobreviver e no final das contas parece que é assim que precisa ser. Quando eu paro para olhar as ações das pessoas só vejo individualismo e luta pela sobrevivência escancarada mesmo. Esse mundo não é para os bonzinhos. Talvez seja por isso que eu quase não tenho amigos, no final as pessoas sempre revelam suas verdadeiras faces, é difícil confiar.

sábado, 16 de maio de 2015

Telespectador da vida real

Constantemente sinto que não faço parte desse mundo. Tem alguma coisa erra comigo. É como se tudo que está acontecendo estivesse passando num filme e eu só consigo assistir, distante, como se tudo aquilo fosse de mentira ou não fosse pra mim. Não consigo me sentir parte disso tudo, na verdade eu gostaria muito de saber como a maioria das pessoas conseguem viver a vida delas sem perceber o quanto essa vida é ruim. Por que parece que só eu sinto esse mal-estar? Não me sinto em sincronia com o mundo. Às vezes me sinto até menos humano.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Remédios e emprego, só frustração

Já fazem duas semanas que tenho tomado anti depressivos. Na primeira semana achei os resultados fantásticos. Apesar de ainda ter meu sintomas físicos causados pela ansiedade que aparecem sem motivo algum, estava sentindo uma melhora. Quando tenho crises de ansiedade geralmente tenho suor frio (minhas mãos e pés ficam gelados) e fico muito confuso mentalmente. Porém, o pior sintoma e o que mais me incomodou durante esses anos todos sempre foi a minha falta de ar. Minha depressão, ansiedade e esse último sintoma sempre estiveram muito ligados, basta um pensamento ruim e por algumas razão meus pulmões começam a falhar. Diria que passo 30% do meu dia sentido esse sintoma em maior ou menor grau, eu já entrei em pânico por causa disso várias vezes.

Na primeira semana que comecei o tratamento com os remédios fiquei extremamente feliz com os resultados. Ao invés de passar várias horas por dia com esse sintoma, estava tendo uma crise todo os dias (geralmente pela manhã) e depois conseguia passar o dia normal. Achei incrível, fantástico, eu já tinha esquecido como era aquela sensação de bem-estar por um dia quase inteiro. Meus sintomas físicos e a minha tristeza sempre foram tão ligados que eu sinceramente achava que depressão era isso mesmo e que qualquer pessoa deprimida se sente daquela forma, hoje eu vejo que não é, é essa maldita ansiedade que sempre me fez isso. Acho que cada um sabe o que sente, mas depois que passei alguns dias relativamente bem acho que posso falar que poucas pessoas entenderiam como eu me sinto na maior parte do dia, pelo menos julgando por esses fóruns nos quais eu sempre postei. Esses sintomas me derrubam fisicamente mesmo, acho que teria uma qualidade de vida muito melhor se eles desaparecessem.

Pois bem, o início de tratamento me deixou muito animado, mas parece que tudo o que é bom dura pouco. Na primeira semana eu notava que os remédios meio que me sedavam um e, talvez por amenizarem os sintomas no meu corpo, me deixavam menos desesperado e aí eu não me sentia tão triste. Porém, conforme os dias foram passando, notei que não estava sentindo mais nada, esse semana voltou tudo como era antes e hoje tive mais uma crise forte devido a uma entrevista de emprego.

Já acordei extremamente ansioso, com a maldita falta de ar. No caminho para a empresa aí que tudo ficou pior, quase surtei, pensei em voltar pra casa, quase fiz isso. Nem preciso dizer que com aquela cara fui chutado da dinâmica de grupo logo na primeira parte. Foi só olhar pra cara dos outros candidatos e a desenvoltura com que eles falavam pra eu ficar com a cara no chão. Eu sempre me acho o pior de todos, mas já fazia muito tempo que não participava de uma seleção, só serviu pra me lembrar o quanto eu me odeio tanto profissionalmente (nem eu me contrataria) quando na minha vida pessoal. Acho que remédio nenhum vai conseguir me fazer esquecer disso por muito tempo.

Acho que cantei vitória cedo demais com essas pílulas. Vou falar com o meu psiquiatra na próxima consulta, espero sinceramente que ele me dê uma droga bem forte pois quanto menos eu esqueço que existo melhor eu fico.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Começando com os remédios

Bom, fiquei muito tempo sem postar nada, isso foi porque passei os últimos 5 meses muito mal. Estou desempregado e sem perspectivas de arranjar nada num futuro próximo. Percebo que a grande maioria das pessoas conseguem empregos por relações sociais, quer dizer, "fulano que conhece ciclano está procurando alguém, me dá o teu currículo" e coisas do tipo. Pra mim, que não tem nenhum tipo de vida social, só resta enviar currículos que muitas vezes se perdem num mar de gente que quer a mesma coisa.

Pra quem não sabe (acho que eu nem cheguei a falar isso) eu nunca havia me tratado com nenhum tipo de medicamente, principalmente porque não queria que meus pais soubessem dessa minha situação. Só que infelizmente eu já não aguentava mais e depois desses anos todos acabei contando pra eles que me sentia mal pra caralho todos os dias e isso era uma coisa que tava me matando. Acabei que deixei eles meio que acreditando que isso tudo tem a ver com o fato de eu estar desempregado, mas na verdade tem a ver com coisas mais profundas, eu só não queria dizer pra eles que me odeio e sempre me odiei porque fiquei com medo de chocá-los. Além disso, eles já estão meio velhos, não merecem isso. Além disso, depois de sessões com uma psicóloga eu meio que sei que parte da minha tristeza foi agravada por problemas familiares, então contar isso pra eles só os deixariam infelizes depois de tantos anos cuidando de mim.

Então semana passada contei sobre o meu problema pra eles, os fiz prometer que não vão falar absolutamente nada sobre isso para os meus irmãos. Ontem finalmente tomei coragem e fui finalmente a um psiquiatra, foi muito constrangedor, pois por mais que as pessoas falem que é só um médico eu ainda fico pensando a que ponto eu cheguei pra precisar de remédios. É vergonhoso, eu sinto vergonha. Porém, depois de ter quase um ataque de pânico na rua e uma crise perturbadora que me fez pensar demais em suicídio eu decidi que estava na hora. Acho que é a única coisa que eu posso fazer.

Comecei a tomar 10 mg de Scitalax todas as noites. Não sei exatamente o que esperar, confesso que a essa altura só queria alguma coisa pra me dopar mesmo e me fazer dormir o dia inteiro, mas o psiquiatra disse que isso aí pode fazer eu me sentir melhor durante o dia. Não tenho muita esperança não, mas vamos ver.


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015