sábado, 31 de dezembro de 2016

Mais um ano 2



Olhando o histórico de postagens, vi que fiz uma postagem dessas no ano passado então decidi fazer outra.

Coisas ruins de 2016

- Ansiedade. ansiedade e ansiedade
- Ansiedade, crises de ansiedade e ansiedade
- Mais ataques de pânico
- Muita falta de ar
- Vício em remédios, tentativa de parar com eles e aceitação de que não vou ter uma vida normal sem
- Continuei desempregado e morando com meus pais
- Terminei o ano me sentindo uma pessoa amarga, cheia de mágoas que sempre teimei em fingir que não existiam.


Coisas boas de 2016

- Consegui manter contato com pessoas que conheci no ano passado. Isso pra mim é muito.
- Comecei uma faculdade nova

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Não foi um bom ano, os últimos meses (especialmente dezembro) não foram bons. Essa última metade foi regada a muito mais álcool do que o habitual, não achei coincidência. Alguém me disse isso e eu concordo: sou (ou estou?) uma "pessoa de mal com a vida". Na maioria dos dias, eu já acordo com aquele sentimento de verme, ruim, sem razão pra acordar.

Daqui a alguns minutos já é 2017. Resisti mais um ano.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Reflexões antes do Natal

Não lembro se já falei especificamente do Natal aqui, também não quero olhar o histórico de postagens, acho que vou escrever sobre isso mesmo e não importa se é tópico batido. Mais uma vez tô aqui pra escrever coisas do momento, quero ir escrevendo qualquer coisa, então tanto faz.

Há algumas horas atrás fui pego outra vez de surpresa por uma situação que despertou meu pior sentimento: ódio de mim mesmo. Tento evitar, faço de tudo, fujo de situações, não falo com quem acho que não deveria falar, não olho o que acho que não deveria olhar, mas mesmo assim alguma coisa sempre aparece pra fazer minha cabeça me falar que eu não valho nada. Essa coisa me fez pensar em várias outras mas no final me fez pensar no Natal.

Essa época do ano... queria voltar a contar os meses e dias para o Natal. Gostava de andar de carro vendo as luzes e o clima das pessoas. Não era muito bom na minha casa, mas gostava do que via por aí e como as pessoas se comportavam. Era uma época de alívio até certo ponto da minha vida.

O que me deixa desapontado é que hoje só consigo pensar que "é mais um Natal" e penso isso com muito pesar no coração. Há anos tento me esconder dessa data, não quero mais saber de nada relacionado à isso, evito andar por aí pra não ver nada que remeta a esse dia e época. Me faz mal saber que não estou comemorando o final de um bom ano de novo. É óbvio que os anos e datas são só representações simbólicas de uma coisa que é só a nossa percepção: o tempo. Porém, colocando as coisas que me aconteceram durante o ano em ordem cronológica, vejo que há muitas lacunas, isso me desanima e o Natal, na minha cabeça, representa o ápice do fim desse ciclo. Acho que tem a ver também com o fato de sentir que a minha vida sempre foi uma perda de tempo e não sinto que nada de muito legal já chegou pra me preencher. Essa data me faz pensar sobre isso. Até tento não pensar nisso, mas isso tá em tudo: na TV, internet, em todas as esquinas da cidade cheias de gente decorando as casas e saindo pra comprar presentes...

Acho que meu contato com as pessoas é tão pouco que me causa medo, surpresa e até certa estranheza quando vejo muitas pessoas reunidas para comemorar uma coisa como essa. Sinto que isso não é pra mim, não pertenço, é quase como se não pudesse, é quase como se estivesse sendo falso comigo mesmo e tentando virar uma pessoa comum que o meu inconsciente teima em dizer que não posso. Eu gostaria, mas é como se não pudesse. No final do dia vou sempre lembrar de alguma risada ou coisa legal que fiz ou presenciei e minha cabeça vai dizer que fiz um papel ridículo querendo sem uma pessoa "normal". Só consigo pensar que isso é ódio a mim mesmo.

Eu não odeio o Natal. Por vezes me odeio e por isso não consigo aproveitar essa data. Amanhã vou ficar na minha, arranjar um jeito de ver o tempo passar, quem sabe ficar bêbado aqui no meu quarto.


domingo, 11 de dezembro de 2016

A dor da perda e a dor de nunca perder


Nas últimas semanas, por um comentário que ouvi em uma conversa e uma outra coisa com a qual me deparei, comecei a pensar novamente sobre essas duas dores diferentes: a de perder uma coisa e a de nunca ter tido coisa alguma.

Fico imaginando o que é pior. Aliás, nesses últimos dias nos quais estive pensando nisso com mais foco, acho que entendo a razão pela qual acho que as pessoas não me entenderiam se me abrisse para elas e por isso evito esse tipo de coisa. Acho que, ao contrário de grande parte das pessoas que sofrem com esses problemas e até das que leem essa porcaria de blog, não sinto que perdi alguma coisa e por isso estou do jeito que estou. É totalmente o contrário, sinto que nunca tive coisa alguma que me trouxesse alguma paz ou felicidade plena, e isso me chateia muito.

Não tive nenhum amor, nenhuma grande paixão, nenhuma grande meta cumprida e que eu realmente quisesse. Também não tive grandes memórias relacionadas a coisas que me faziam muito bem quando era mais novo, não tive nenhum apreço que me fizesse sentir importante para alguém de verdade, tão pouco tive meu apreço por outras pessoas retribuído durante quase toda a minha pouca vida. Então é assim, são 25 anos mas ainda esperando a vida "começar". E o tempo aos poucos vai passando e isso fica preso na gente... e daí que há dois anos atrás eu estava pensando a mesma coisa e há três e quatro anos atrás também. E a aí a gente acha que nunca vai chegar a nossa hora, não vamos nos apaixonar por nada, até porque não sabemos como é isso, não temos parâmetros, não dá pra pensar "como queria voltar para aquela época". Não teve "aquela época" e mesmo se teve não me lembro de ser tão boa.

O ponto é que a dor da perda deve ser ruim mesmo, especialmente se você perder algo que te trazia um bem-estar genuíno. Só acho que causa estranheza às pessoas quando alguém diz que sofre com o contrário. Me acho um ser tão incompleto por isso. Uma pessoa sem história, sem experiências, com pouca coisa por dentro.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Página em branco

Não sei o que estava fazendo há alguns minutos atrás, mas estou pensando nisso agora: por que carrego essa certeza de que a minha vida e um papel em branco são praticamente as mesmas coisas?

Estava pensando aqui, será mesmo que é porque há algumas coisas que nunca tive, fiz ou não aproveitei tanto quanto a maioria das pessoas ou é porque nunca consigo manter um bom estado emocional por muito tempo ao ponto de guardar essas lembranças como algo bom? Não consigo saber.

Parando pra pensar bem, nesse tempo com a minha última medicação que estava (e ainda está) afetando a minha memória, tive menos crises em decorrência de pensamentos negativos trazidos por lembranças indesejáveis. Quer dizer, só posso imaginar que quanto menos me lembro, melhor.

Será que ficaria melhor se, ao invés de apenas ter a sensação de que o meu passado foi um lixo, não conseguisse lembrar de passado nenhum? Algum tipo de lobotomia?

Como seria se acordasse e não lembrasse de nada, nem o meu próprio nome? Acho que ficaria confuso por não saber quem eu era ou que fiz. Acho que qualquer um só imaginaria que fez algo tão ruim que só apagando tudo da cabeça resolveria. Seria uma agonia sim. Mas seria uma agonia maior do que acordar e lembrar de tudo o que gostaria de esquecer?

Confesso que gosto de ideia do esquecimento.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

A segunda melhor coisa do mundo

A primeira, com certeza, é dormir. A segunda, ficar bêbado. Digo ficar bêbado, pois só gosto disso mesmo, odeio o ato de beber em si. Odeio quase todas as bebidas alcoólicas com exceção de uma ou outra, o gosto do álcool não me agrada. Mas é só umas doses bem concentradas de álcool que pra mim tá quase tudo certo: ansiedade muito menor, pouca noção do que tá acontecendo, relaxamento e, se prolongar o momento, uma sensação muito boa.

Hoje, voltando da faculdade, vim decidido. Comprei duas garrafas de vinho barato e tô aqui olhando umas coisas. Já se foi meia garrafa e minha ansiedade já me deu uma trégua.

domingo, 2 de outubro de 2016

Insônia: um problema que não consigo mais ignorar

Há muitos anos sofro dessa porcaria chamada insônia, são muitas noites em claro sem nenhum pingo de descanso. Há alguns anos, tinha uns quatro ou cinco dias por mês sofrendo com isso, mas agora que simplesmente larguei os remédios, o problema se intensificou ao ponto de não conseguir mais ter uma noite tranquila.

Todos os dias é uma luta pra dormir. Vou pra cama e tento fingir que vou pegar no sono logo, mas não consigo. Fico horas me "debatendo" no colchão e nada, é muita ansiedade. Tenho tentado de tudo: chás, arrumar o que fazer durante o dia pra ficar cansado, exercícios físicos, diminuir a intensidade das luzes à noite, só deitar quando realmente quero dormir... mas parece que nada funciona. Chego facilmente a ver os dias amanhecendo e das duas uma: não sinto sono nenhum ou, às vezes, estou cansado, mas meu corpo se recusa a adormecer.

Como já falei aqui, parei com essa droga chamada Bromazepam, essa coisa que deveria ter tomado por um curto período de tempo mas acabei tomando altas doses por muitos meses. Continuo lutando pra viver sem ele mas tem sido muito difícil. Não sei não, me pego às 2h roendo minhas unhas todas as noites até sangrarem. Lembro de muitas vezes me queixar para mim mesmo de como me sentia por dentro e de falar aquelas velhas frases como "Preferia mil vezes uma dor física, é muito mais suportável". Agora me pego pensando o contrário, gostaria de estar fisicamente bem nesse momento, sem saúde física não consigo fazer nada. A falta de sono tem me prejudicado muito, não tenho energia pra nada, meus olhos doem muito, tenho sentido sensações estranhas como uma espécie de letargia repentina e alguns "espasmos" na minha cabeça, nem sem explicar essa reação. Além disso estou sempre com ânsia de vômito e com uma fome estranha, sinto vontade de comer toda hora. Porém, a pior coisa é sem dúvida a dor de cabeça, tenho isso quase todos os dias, tomo muitos comprimidos de Dorflex, muitos mesmo. Eu tenho enxaqueca diagnosticada há alguns anos mas fiz questão de ignorar o problema pois era extremamente resistente a qualquer tipo de tratamento, seja lá qual for.

Há alguns dias atrás resolvi ir novamente a um neurologista. Expliquei pra ele que durante os últimos meses tenho tido crises muito frequentes. Foi meio chato, tive que explicar essa coisa da medicação que estava tomando e ele só confirmou o óbvio: não é coincidência. Essa semana fui fazer um exame de eletroencefalograma (pra confirmar que a minha cabeça não funciona bem mesmo) e preciso voltar no neurologista pra ver o que ele diz. Desconfio que esse vai ser outro que vai me passar mais coisas pra tomar, que grande merda.

Tem horas que dá muita vontade de voltar a tomar o Bromazepam só pra poder dormir aquelas oito horas maravilhosas por dia. Aquela sensação de cansaço, de bocejar, de só querer se jogar na cama e realmente conseguir dormir, é muito bom. Acho que psicologicamente consegui superar o vício, até porque eu resisto e não vou atrás de mais desses comprimidos, mas fisicamente eu vejo que, mesmo após várias semanas, meu corpo ainda quer e muito.

Sei não, eu ando todo defeituoso. Não estou bem fisicamente e nem mentalmente, como posso ser tão azarado? Nessas horas a gente pensa cada coisa.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Pensando com lucidez em dias de tensão

Vincent van Gogh - A noite estrelada. Um dos meus quadros favoritos. Caos e calmaria, retrato das últimas semanas.

Hoje estou cansado, estudei o dia inteiro, mas foi o suficiente pra me deixar exausto. Esforço mental me dá muito sono e isso é bom. Minha adrenalina está mais baixa, aproveito pra fazer coisas que geralmente não poderia como vir escrever com mais lucidez.

Estou parando com alguns remédios, quero mesmo dar um fim nisso. Depois de duas crises de abstinência muito fortes causadas pelo Bromazepam, simplesmente não quero mais tomar isso. Me dá noites de sono muito boas, mas um dia sem esses comprimidos já me faz perder a cabeça, ou fazia. Estava ficando cada vez mais dependente, achei os efeitos da abstinência quase que insuportáveis, me senti quase que privado de sono. Passava uns dois dias sem dormir e no outro meu sono era tão leve que só descansava por algumas poucas horas (4 no máximo), só esperando, desesperadamente, conseguir mais caixas com o meu psiquiatra. Foram situações muito ruins, acho que a primeira crise de abstinência nunca vou esquecer, foram alguns dos piores dias da minha vida.

Comecei com uma retirada gradativa desse ansiolítico, logo vi que mesmo o retirando aos poucos as crises continuariam, tive que me esforçar. Essas semanas foram longas. Resolvi parar de tomar essas drogas malditas na minha vida, ainda acho que não deveria ter tomado isso por tanto tempo. Parei com o Bromazepam mesmo e não quero voltar. Continuo agora apenas com o Paxtrat e o Rivotril. Claro, tive crises nesses últimos dias. Claro, passei noites em claro, com a cabeça doendo e com os olhos ardendo, mas acho que valeram a pena, dormi alguns dias seguidos sem ajuda daquele remédio, fiquei feliz com isso, sinto uma sensação de mais liberdade. Poxa, já estava com uns 8 meses que só pegava no sono com isso, nem acredito.

Lembrando que não incentivo ninguém a parar com o tratamento que faz de modo repentino e também não estou fazendo "terrorismo" com o início ou eventual vontade de parar o tratamento medicamentoso. Acho bom conversar com seu médico primeiro, se ele for bom, vai te falar dos possíveis sintomas nas duas situações. Não sei, no meu caso, tanto começar quanto parar de tomar alguns remédios foram lutas, tive que me esforçar ou não daria continuidade e pararia nunca. Porém, confesso que gostaria muito de parar definitivamente com tudo o que tomo e me confortar de outra maneira, esse é o meu objetivo.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Acho que a vida não pode ser tão ruim assim

Talvez já tenha feito postagem parecida com essa, nesses momentos nos quais estou me sentido OK, nem mal, nem bem, mas OK. Já faz exatamente um mês que não escrevo nada e, aliado a isso, por causa da medicação, minha memória está horrível (devo ter falado disso na postagem anterior), então não tenho certeza se já vim falar que viver, no final das contas, pode não ser tão ruim.

Tive dias ruins, péssimos e horríveis nos últimos 30 dias, mas tive uns dias bons também. Acho que coloquei tudo na balança e vi que não foi tão ruim assim, os momentos bons foram legais mesmo. Por quê não consigo mais momentos como esses? Não sei. Só sei que teve alguns dias nos quais me senti bem e continuei bem até o final, sem aquele sentimento repentino de inutilidade depois de uma alegria que pra mim é frequente.

Não sei se foi porque falei com as pessoas certas (ou elas que falaram comigo?) ou se fiz as coisas certas, não sei se foi a nova dose da minha medicação que estou me adaptando (esse é o meu maior medo), mas não foi um mês tão ruim não. Talvez tenha sido a soma disso tudo. Acho que se a maioria das pessoas se sente assim como eu estou me sentindo ago ou há alguns dias atrás quando estava ainda melhor, dá pra entender a tal alegria de viver ou a vontade insaciável de vida que algumas pessoas dizem que têm. Talvez ainda preciso subir um degrau acima pra ver como é isso, mas, por enquanto, tá OK. Se eu descer ou subir só um pouquinho e ficar desse jeito, vou ficar bem.

É isso aí, mais um mês.

domingo, 7 de agosto de 2016

Bromazepam: vício e abstinência

São quase 3h da manhã e, assim como ontem, não consigo dormir. Minha rotina tem sido essa: não consigo dormir por um dia e sou vencido pelo cansaço no outro, durmo por umas 3 ou 4 horas e muito mal. Já estou há quase uma semana sem o maldito Bromazepam e já é a segunda vez que tenho essa crise abstinência. Não tenho sono nenhum, meus olhos ardem, sinto uma falta de ar imensa que não passa com nada do que tentei.

Acho que já tem uns 6 ou 7 meses que comecei a tomar esse Bromazepam, resolveu meu problema com falta de sono na hora, mas acho que já estou viciado nisso. Desde que comecei a tomar esse remédio, simplesmente não durmo mais e tenho crises cheios de sintomas de ansiedade se fico um dia sem. O que me incomoda mais é o meu sono, quando durmo bem, geralmente tenho um dia melhor, mas é uma coisa que parece que me foi privada agora. Estou tentado a tomar muitos comprimidos do Rivotril agora (já que só um dessa porcaria não funciona) mas não sei se teria algum efeito colateral pior. Também não quero beber apesar de ter vinho aqui. Preferi vir pro pro computador e tentar me distrair reclamando da vida. Nem sei sobre o que foram as minhas últimas postagens, nem quero lembrar, mas devo ter vindo aqui só pra reclamar também, acho que é só pra isso que eu venho.

Vou no psiquiatra de novo essa semana e a primeira coisa que vou falar é que estou dependente desse remédio, não quero ficar tomando isso pra sempre, essas crises de abstinência são muito ruins e sei que quanto mais tempo ficar tomando isso mais vou ter que tomar. Quero ao menos tentar uma retirada gradativa, não sei, mas ficar tomando essa droga pra sempre não vai ser pra mim. Gosto muito dos efeitos do Bromazepam (gosto de dormir e até da sensação de inércia) mas acho melhor tentar parar. Coincidentemente, minha próxima consulta é no mesmo dia do meu primeiro dia de aula na nova faculdade, não sei se vou ou em que estado vou estar, mas preciso me preparar ou desisto de novo.

Acho que vou fechar os olhos e ficar quieto, tentar enganar o meu cérebro, vai que dá certo. Talvez a descarga de adrenalina baixe um pouco, com qualquer barulho fico assustado. Vou tentar


domingo, 31 de julho de 2016

Desistindo para recomeçar

Desisti da faculdade que estava fazendo pois achei que não daria em nada, acho que seria mais 5 anos perdidos. Em condições normais estaria ansioso até agora pensando se fiz a coisa certa, mas no dia que acordei para ir assinar a ata de desistência nunca estive tão certo na minha vida. Certo de que iria fazer a coisa certa, mal pois ainda não achei meu caminho. Acabei me matriculando em outro curso, em outra faculdade, e acho que vou ter mais oportunidades fazendo ele, pelo menos espero que sim. Espero não desistir mas, mesmo com medicação, acordo mal, sem ar, não fico estimulado. Vou ter que falar com o meu psiquiatra sobre isso, ou aumenta a dosagem, ou troca, sei lá. Sei que o que tenho tomado também tem afetado a minha memória, faço algo hoje e amanhã já não lembro o que foi, vejo um filme hoje, amanhã não lembro qual foi.

Hoje fui dar uma olhada no mar de novo, estava sentado na areia quando um companheiro chegou e sentou do meu lado sem nem pedir licença, simplesmente olhou pra mim e depois ficou ali olhando a água comigo. Tinha a praia inteira pra ele fazer isso, mas sentou ali comigo, vai entender. Ficamos um bom tempo olhando pro nada, pena que não pude levar pra casa.

Não sei de onde veio, acho que só queria um carinho mesmo.



quarta-feira, 13 de julho de 2016

O que fazer da vida


Sei lá, só pra ter uma imagem mesmo. Dia desses na praia.

Quero desistir da faculdade e fazer outra coisa
Quero finalmente arranjar um emprego
Quero morar sozinho e finalmente me sustentar
Quero arranjar uma forma de fazer tudo isso já que não tenho a menor ideia de como.

Tenho me sentido inútil pois realmente tenho sido inútil. Ficar estudando em vão, tentando me enganar, querendo parecer produtivo, não vai levar a nada.

Perdi minha paixão profissional, se é que um dia já tive.

Chato que agora estou lúcido, pensando certinho. Não estou no calor do momento ou tendo nenhuma crise, nem tenho desculpas. Eu não sei exatamente o que quero da vida e nem sei o que fazer pra conseguir nada. Sei que amanhã vou pegar o ônibus lotado pra ir pra faculdade de novo e ficar olhando pro quadro por três horas sem dar a mínima importância. Que perda de tempo.

sábado, 18 de junho de 2016

Pânico de novo

Pra ser bem rápido e honesto, hoje tive outra crise de ansiedade só por me achar muito feio. Começou comigo levantando pela manhã sem nada de errado, tomei banho, comi, tudo certo até do nada me surgir esse pensamento na cabeça.

Em 5 minutos já tinha listado umas 20 coisas que eu odeio na minha aparência e não consegui pensar em nada que pudesse mudar isso. Foi quase um desespero instantâneo. Mais uma vez eu penso que nessa vida nada deu certo pra mim, nem mesmo a minha cara. Começo a me comparar com os outros e por aí vai... falta de ar, mãos suadas, sensação que vou morrer: "Mãe, acho que tô tendo outro ataque de pânico".

Não quis ir pra médico nenhum de novo, tomei logo tudo que tinha que tomar (só não enchi a cara porque minha mãe tá de volta) e foi melhorando um pouco. Passei o dia tentando fazer alguma coisa mas minha internet lenta não deixou, sair nem pensar também. Meia noite agora e não tenho sono, continuo com essa sensação de desespero presa na garganta mas aí já pulou da minha feiura pra um monte de coisas que já falei nessa porcaria de blog.

Não sou o que eu queria ser, infelizmente. Que merda.

terça-feira, 24 de maio de 2016

A ansiedade trocada pela inércia

Desde que comecei o meu tratamento com medicamentos, achei que nada daria certo. Já escrevi como a frustração dos antidepressivos/ansiolíticos não funcionarem por muito tempo me derrubava cada vez mais. Há mais ou menos um mês meu psiquiatra adicionou um remédio chamado Paxtrat no meu tratamento, pesquisando vi que é a famosa Paroxetina. Depois de uma primeira semana altamente nervosa, cheia de pensamentos suicidas (ler uma postagem mais abaixo se quiserem), tenho me sentido um pouco melhor ao ponto de não ter crises de falta de ar. Ainda tenho sintomas da ansiedade, mas estão bem menores.

O negócio é que, às vezes, tem dias que a minha ansiedade fica enterrada e só me vem um vazio (talvez?) que nunca fui acostumado. Já passei muitas noites em claro por conta da ansiedade, mas agora passo noites em claro sentindo nada. Pode parecer estranho, mas acho que, pela primeira vez em muitos anos, eu consigo sentir tédio ou uma sensação de inércia que é nova pra mim. Geralmente, ficar quieto significava mergulhar num mar de desespero mental e físico, mas agora tenho dias que não sinto absolutamente nada, nem tristeza, nem alegria. Fico me perguntando se isso é o estado "normal" das pessoas quando não estão fazendo nada, alguém aí sabe dizer se é mesmo? Eu juro que não sei. Acho que das duas, é uma: ou é uma sensação nova pra mim ou é algo que faz tempo tempo que senti (talvez quando era criança) que nem lembro mais como é.

Essa semana, deitado e olhando pro teto me perguntei "É isso o que as pessoas chamam de vazio ou será o contrário? O vazio é a eterna angustia?". Até imaginei algumas respostas, mas preferi aproveitar o momento, a essa altura acho que não ter emoção nenhuma uma é coisa boa, a coisa mais próxima da letargia.

terça-feira, 17 de maio de 2016

Reconhecer-se humano

Não tem nada a ver com falta de compaixão ou psicopatia, é só que boa parte do tempo tenho esse sentimento de não pertencimento que me impede de criar muitas conexões com as outras pessoas. Na maioria das vezes, acho que é uma incômodo inconsciente que se manifesta com a minha ansiedade, mas tem horas que eu paro pra pensar e  reflito sobre isso: eu me sinto menos humano que os outros.

É difícil explicar, talvez eu até saiba, mas acho que hoje não tô muito afim de me alongar, nem sei se quero escrever mais de alguns parágrafos. Porém, tenha essa sensação principalmente quando converso com alguém ou quando estou cercado por muita gente ao mesmo tempo. Me parece que ter um cérebro, um coração e um sistema nervoso central não me fazem um ser humano, me sinto incompleto. Me sinto inferior por isso também.

Não sei se é a ansiedade, a minha falta de experiências na vida ou outros problemas externos, já cheguei a pensar que meu defeito é não ter qualquer instinto de sobrevivência como eu vejo por aí. Sei lá. Sei que tem alguma coisa que não deixa que eu me veja como um ser humano normal, queria descobrir o que é.

domingo, 24 de abril de 2016

Suicídio

Fui mais uma vez ao psiquiatra, já sem muita esperança pois parece que esses meus sentimentos ruins não saem de mim. Enfim, fui lá e praticamente supliquei por ajuda, o negócio é que abri o jogo com ele, não estava (estou) mais aguentando as crises depressivas e ansiosas.

Ele me passou Bromazepam de novo, outro ansiolítico e antidepressivo chamado Paxtrat e o tal do Rivotril pra casos de emergência.

Ontem à noite tive outra crise muito forte. Primeira coisa que faço é tomar o Rivotril. Efeito aparente? Pouquíssimo, continuo sentindo mal estar no meu corpo. Resisto algumas horas. Algumas horas depois tomo o Bromazepam e o Paxtrat, penso comigo que não seria possível que eu não me acalmasse ou apagasse na cama depois de tanto remédio. Me acalmo? Não!

Tentei dormir, mas fiquei me lembrando do que fez a minha ansiedade começar e isso não me deixou ter sono de jeito nenhum. Mesmo depois desse coquetel de remédios, não durmo desde ontem. Me sinto um merda completo, minha cabeça não para de falar isso pra mim.

Essa é mais uma postagem que venho escrever pra ver se me distraio ou evito fazer idiotices. Nessas horas eu penso muito em suicídio, muito mesmo. Depois de tanta crise e de não ver efeitos da medicação do jeito que você quer, o o que você quer é se matar mesmo, dar um tiro na cabeça, coisa rápida e indolor (na maioria das vezes é essa a cena que eu fico fantasiando).

Merda, eu não quero viver assim. O psiquiatra disse que pensamentos suicidas podem ocorrer nas primeiras semanas com o uso desse Paxtrat e que é preciso esperar um tempo pra ver algum resultado, até entendo mas isso me mata por dentro. Já tomei outros remédios que não funcionaram e parece que nunca vai ter jeito pra mim. Tem horas que a agonia é tão forte que a luz no fim do túnel parece ser preta mesmo. Eu queria uma solução ou alguma coisa parecida. Não quero acordar amanhã (se conseguir dormir) e já começar o dia pensando em me matar. Tô cansado.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

O menino e as conchas quebradas





Sábado de manhã e a casa, que quase todo ano parece sem vida, finalmente está alegre.

- Vamos acordando ou a gente não chega cedo!- grita a mãe.

Os irmãos mais novos acordam na hora, o mais velho também. O irmão do meio, por algum motivo, não dormiu bem, tem problemas com o sono, sabe mais ou menos o por quê mas aquela altura não conseguia compreender direito. Compreenderia mais tarde, lá pros seus 20 anos de idade, mais isso já é outra história.

Na época o irmão do meio tinha 13 ou 14, vai lembrar? O negócio é que mesmo cansado acordou. Tomou banho, se vestiu, comeu alguma coisa e entrou no carro com todo mundo, menos com o pai que não gostava desse tipo de coisa. Uma hora depois estavam todos no mar. Dia de praia.

Não era um dia muito comum pra ninguém, a família que parecia sem vida, realmente gostava da praia. A mãe não ficava sentada olhando, ia com todo mundo pro mar brincar e mesmo o irmão do meio, o mais desanimado, corria direto pra água sempre que a via. Imaginava um dia chegar até o “quebra-mar” de recifes bem mais adiante. Não sabia nadar tão bem, então às vezes ficava só olhando, às vezes bolava planos, era como chegar em Marte. O mar era um fascínio.

- Vamos catar umas conchas, ali tem umas bonitas! - disse a mãe.

Todos se sentaram em uma parte rasa da água e começaram a procurar. O irmão mais velho não ficou nem por cinco minutos, viu algo mais interessante e logo saiu. O mais novo logo ficou entediado, foi fazer um castelo de areia ou outra coisa (mais uma vez, vai lembrar?). E a menina mais novinha ainda o seguiu. Ficaram a mãe e o irmão do meio procurando “tesouro”.
Ela preferia colocar a mão embaixo da areia fofa mesmo e levantá-la, vez ou outra vinha uma concha inteira.

- Olha essa! Peguei uma – ela dizia toda hora.
 
 Já ele preferia ficar de pé, procurar com os olhos alguma coisa que a maré alta poderia ter deixado. Isso funcionava. Às vezes via alguma coisa diferente por perto, se abaixava e pegava. E foi assim por alguns minutos, talvez meia hora. Ele andando e ela parada.

- Olha, mãe, o que eu achei - e ele estendeu as mãos com várias conchas e pedras pra ela.
- Que bom, deixa eu ver – disse ela.
- Essas aqui você vai jogar fora, não é? – continuou. - Olha as que eu peguei, nem um risco, você tem várias que estão quebradas, joga isso fora, menino.

O irmão do meio olhou pra mãe e depois olhou pras conchas. Não queria se desfazer de nada, via tudo muito bonito mesmo os pedaços de corais que, aparentemente, não tinham nada a ver com a tarefa.

- Eu não vou jogar nada fora, nem as conchas quebradas – disse ele.
- Por que não? - ela perguntou. – Tem tanta concha bonita e completa aqui. Por que você não fica só com elas?

E ele respondeu: “Eu gosto das conchas quebradas. Ninguém quer as conchas quebradas. Ninguém na praia vai ficar com elas, então eu quero. São legais também, mas ninguém quer catar” – disse ele- mostrando uma com uma rachadura bem grande no meio.

- Você não acha que você merece o melhor, a concha mais bonita do mundo, meu filho?- Ela perguntou.
- Não sei mãe, as que a senhora pegou são bonitas, mas nenhuma é igual as minhas. São legais porque são quebradas e se eu não pegá-las, quem vai pegar?.
- Tá bom, leve suas conchas então – ela falou sem nem retrucar.

A imperfeição das conchas quebradas era algo com que ele se sentia parecido ou era aceitação de que nem tudo é perfeito?  Muitos anos depois ele tentaria entenderia melhor e até escreveria sobre isso

quarta-feira, 30 de março de 2016

Sem ousadia, sem talento, sem emprego

Semana passada me bateu um desespero pelo fato de estar desemprego há tanto tempo que mandei um email para uma pessoa que conheci quando estava estagiando. É uma pessoa com muita experiência e bagagem de vida. Não mandei email pedindo emprego, só queria conversar um pouco, até mencionei que queria uma "luz" pois já não sabia o que fazer.

Ela me recebeu muito bem e tirou horas do trabalho dela pra falar comigo, não fiquei surpreso pois é uma daquelas pessoas bastante generosas, mas acho que mesmo assim ela não entendeu muito bem a minha situação. Não queria chegar falando que estou momento mais baixo da minha vida e isso tem me atrapalhado em arranjar alguma coisa, então me detive a falar sobre o mercado de trabalho (que também está muito complicado por aqui).

Inúmeras entrevistas, seleções... expliquei tudo pra ela e ficamos discutindo o fato de eu nunca ser selecionado. Ela me disse uma coisa  óbvia e que eu já sabia: minha falta de networking. Devido às circunstâncias, não conheci muita gente para me indicar pra nada e mesmo as que conheci até hoje evitei tentar alguma coisa. Por quê? Não sei, talvez por vergonha mesmo de pedir, talvez por orgulho ou talvez por achar que não mereço nada mesmo. Na verdade é assim que eu vou pra essas entrevistas, já vou achando que o selecionador não deveria me escolher pois sou incompetente no que faço. A coisa mais contraditória.

O fato é que minhas chances são reduzidas já que o meu circulo social é reduzido, não conheço quase ninguém e a pessoa com a qual conversei me disse que isso, definitivamente, é um grande problema. Só com muita sorte pra conseguir alguma coisa mandando currículo pra vagas que você vê na internet ou jornais ainda mais uma pessoa sem experiência formal. Mas até agora é só o que tenho feito, além de vez ou outra distribuir currículos sem esperança pessoalmente em alguns locais. Mas de novo. são só currículos, ninguém me conhece.

Ela também me falou que eu estou desesperadamente em busca de um emprego (formal), mas que trabalho ainda existe. Na minha área, na situação atual, eu teria que ser uma pessoa mais ousada e procurar alternativas... resumindo: tentar coisas que eu não sei se consigo fazer ou que acho que não tenho capacidade.

Saí de lá até com algumas ideias mas que não sei se sairiam do papel já que não sei por onde começar direito e, pra ser sincero, não acredito muito em mim, não mais.

Eu não sei, eu não tenho esse instinto de sobrevivência ou ambições na vida. Às vezes, parece que só estou esperando morrer mesmo (tive essa nítida sensação voltando no ônibus). Se fosse uma pessoa que realmente quisesse se dar bem acho que me daria. Só não sei até que ponto isso é falta de oportunidade, sorte, ousadia, competência ou um estado mental razoavelmente legal que me faça parar pra pensar em alguma coisa.

Só pra constar: mais uma vez meus remédios parecem ter parado de funcionar como deveriam. Novo recorde: 1 mês e meio.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Morar no exterior e a depressão

Acho que já contei aqui que já morei em uma uma república e que não foi uma experiência nada boa. Acho que a parte que não contei é que, na verdade, morei um tempo longe de casa, fora do país pra ser mais preciso.

Eu sabia que ter essa experiência seria difícil,, mas já havia juntado tanto dinheiro pra isso, achando que faria alguma diferença na hora de arranjar um emprego que achei que não poderia desistir. E não desisti mesmo. Na época eu ainda me negava a recorrer a qualquer tipo de ajuda. resultado: quase um ano depressivo longe de tudo e de todos num lugar onde tudo era estranho pra mim e cheio de pessoas com as quais eu não estava preparado pra lidar.

Hoje não sei se me arrependo da experiência, talvez sim pois foi, provavelmente, o ano no qual eu mais me senti sozinho em toda a minha vida, Às vezes saía pela cidade, caminhava pelas ruas sem fazer nada, eu não tinha vontade de fazer nada e mesmo quando planejava algo que achava que seria legal, acabava por ser chato já que eu não estava bem. Outra coisa que sentia muito era a sensação de não pertencimento. Lógico, outro país, outros hábitos, mas eu me sentia em outro universo, um sentimento ainda mais forte do que o habitual que sempre senti.

Dia desses assisti um filme chamado "Encontros e Desencontros" (que acabou virando um dos meus filmes favoritos) e me identifiquei muito com os personagens, nem tanto por causa dos problemas com a língua (eles sofrem muito com essa barreira no filme) pois sabia um pouco, mas pela estranheza de estar em uma cidade grande sem conhecer ninguém e distante de tudo que era acostumado. Além disso, eles não sabiam exatamente o que queriam da vida, assim como eu. Coloquei uma cena que gosto muito abaixo. Essa sensação de caminhar sozinho, não só na rua, mas na sua cabeça. Há muita gente, mas nenhuma delas importa, no meu caso, quase não me enxergava como pessoa, era mais como uma coisa andando por aí, tentando prestar atenção em alguma coisa que me distraísse.

O lado bom é que eu acho que testei os meus limites. Não morri. Tive crises depressivas e de ansiedade e lidei com tudo sem ajudada de nada, eu sobrevive. Fui extremamente imprudente, pois sabia que estava na pior, mas prossegui, fui teimoso. Porém, talvez, no fim das contas, eu aprendi uma lição. Talvez eu já tenha vindo aqui falar que já cheguei no meu limite, mas analisando direito, depois de tudo aquilo, eu acho que meu limite ainda não chegou ou então eu teria me matado lá mesmo. Nossa, eu tive cada dia ruim, tantos sintomas, tanta tristeza durante tantas semanas sem parar.

Recomendo essa experiência pra uma pessoa que está passando por dificuldades parecidas? A resposta é um sonoro NÃO. Diria que é melhor se cuidar com o apoio das pessoas que você gosta (se você tiver esse tipo de apoio) e procurar um atendimento psiquiátrico ou psicológico mesmo, pois quando olho pra trás e penso naquele ano acho que foi meio que um obstáculo muito alto que eu achei que saberia lidar, mas não soube. Eu acho também que algumas pessoas vão em busca de coisa parecida como uma forma de fugir de algum problema que possuem. Não sei com relação aos outros, se essas pessoas conseguem fazer isso ou não, mas segundo a minha experiência, você pode se afastar de tudo e de todos, mas os sentimentos você carrega pra sempre, não importa onde.


quarta-feira, 9 de março de 2016

Retrato de uma semana ruim (ou tendo um ataque de pânico na entrevista de emprego)

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Eu sabia que essa semana ia acabar assim mesmo, na verdade eu não sei como isso não aconteceu há alguns dias atrás quando escrevi minha última postagem. Coração acelerado, suando frio, falta de ar, tontura, confusão mental... passei mal no meio da entrevista de emprego e deixei a pessoa que me recebeu sem entender nada.

- Desculpa, eu não tô me sentindo bem.
- Está nervoso? Passando bem? Não se preocupe, só estamos conversando. Quer uma água?
- Não, eu acho que vou embora, desculpa. E vou pela porta apressado.

Saio do estabelecimento meio que sem saber o que fazer, minha garganta e barriga doíam, é adrenalina demais. Tinha uma praça na frente, eu vou procurar um lugar pra sentar (ou tombar). Jogo a mochila em cima do banco e sento olhando pro chão, tentando respirar, não dá certo. Tento todas as posições que conheço e percebo que sentado fico pior. Levanto e tento fazer algum exercício de respiração... “Essa merda nunca funciona comigo!”. Não tem outro jeito: pego o celular com as minhas mãos geladas e ligo pro meu pai, digo que estou passando mal e queria que ele me buscasse. E esperar foi a pior parte. Fiquei lá sofrendo por uns 20 minutos, pensando em um monte de coisas que já escrevi aqui. Minha cabeça sabe trazer tudo de ruim que eu penso pra esse momento, vou lembrando de várias situações, cada uma pior do que a outra. Penso também no que vou fazer quando chegar em casa, meus remédios acabaram.  Ir pra emergência? Estava decidido, só esperaria meu pai chegar pra me levar, queria um sedativo, qualquer coisa.

Na hora a gente acha que vai morrer e quando isso acontece é nisso mesmo que eu penso: morrer logo de uma vez, acabar logo essa palhaçada. É assim que eu me sinto: um palhaço, acordando todo dia pra ver a vida rindo de mim e nessas crises esse sentimento é multiplicado por 10. É um desejo que nem dá pra explicar, é impulsivo mas é feroz, parece a hora perfeita pra dar um fim e, por alguns instantes, parece que vale muito a pena. Depois da crise eu fico assustado com as coisas que eu penso mas é isso aí que vem na minha cabeça.

A falta de ar e a cabeça não dão trégua. Sento e levanto do banco várias vezes pra ver se faz alguma diferença. Nada muda. Resolvo deitar e olhar pro céu e aí respiro um pouco melhor. E finalmente meu cérebro começa a funcionar melhor: “Ao menos não estou mais fazendo a entrevista, poderia estar pior. Pelo menos não estou mais lá dentro.” Percebo que esse pensamento me ajuda e continuo tentando focar nele. “Mas eu pareci um idiota na frente da moça, nunca vou conseguir um emprego”, minha ansiedade sobe. “Eu nunca mais vou vê-la mesmo”, minha ansiedade desce. E fico assim por um bom tempo pensando sobre um monte de coisas sobre mim, uma montanha-russa.

Meu pai nem me ligou pra saber onde eu estava, ele já sabia que provavelmente estaria tentando me acalmar ali. Olha pra minha cara e pergunta se eu quero ir pro hospital. Eu vou, deixo meu pai explicar a situação e eles me dão um sedativo, finalmente tenho vontade de dormir. Depois de algumas horas decido ir pra casa.

Fui ao psiquiatra novamente e fiz questão de pedir alguma coisa pra dormir, de volta  ao Lioram e Bromazepam. Tomei uma dose alta agora, ainda me sinto um lixo, mas pelo menos meu corpo se acalmou.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Sobrevivendo a uma crise de ansiedade por mais de 24 horas

Nesse post não vai ter imagem nenhuma e nem explicação pra existir, eu quero ver se consigo parar de me sentir mal por pelo menos um tempo enquanto escrevo. Não tenho um dia tão ruim quanto esse há pelo menos uns 6 meses. Como de praxe, vi uma coisa que não gostei e a ansiedade me atacou, mas dessa vez foi diferente, dessa vez ela não passou e já estou há mais de 24 horas com os mesmos sintomas: falta de ar, mãos tremendo, suando frio e aquela sensação de "borboletas" na barriga sem parar. Sinto como se tivesse uma carga de adrenalina que não para de fluir do meu estômago até a minha garganta. É sempre assim, mas essa já dura muito tempo e pouco me acalmei.

Geralmente, essas minhas crises passam depois de dormir, mas ontem e hoje os sintomas foram tão fortes que não consegui pegar no sono, o pior de tudo tem sido a maldita falta de ar, eu não consigo respirar direito de jeito nenhum. Hoje quase pedi pra me levarem pro hospital, depois de algumas horas eu achei que ia morrer (ou que ia fazer besteira), sei que cheguei bem perto de outra crise de pânico. Me contive pra não mostrar a situação pro pessoal de casa, agora não é a hora pra isso.

Só comecei a sentir uma certa melhora há duas horas atrás, os pulmões já não estão tão ruins, espero que me deixem cair no sono e que eu acorde melhor.

Meu plano de saúde não ajudou, estou há uma semana sem tomar o que devia tomar pois não consegui marcar uma consulta com meu psiquiatra. Esse é o resultado de interromper o processo. Não quero tirar conclusões precipitadas até porque agora eu tô escrevendo no calor da emoção, quero ver se consigo me concentrar em alguma coisa e me distrair de alguma forma, mas acho que minhas crises estão ficando piores quando eu paro de tomar os meus remédios. Tenho pensado em cada coisa quando elas vêm, é desesperador.

Eu queria chorar logo, colocar essa desgraça toda pra fora de uma vez mas nem isso consigo, parece que até isso os sintomas bloqueiam. Eu fico sentindo uma sensação muito ruim no corpo inteiro. Literalmente, isso dói. Agora eu queria tomar uma cartela inteira bromazepam, no mínimo. Queria qualquer coisa que me fizesse tombar logo na minha cama. Beber é uma tentação, queria muito, mas só de pensar em sair pra comprar, já me assusto.

Que dor.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Dia cinza

Fotos diárias do céu, essa foi de hoje

Deitado na cama, escutando músicas e olhando fixamente pra janela. Tudo cinza, estático, sons só de trovões... e eu só imaginando a hora do céu desabar. Demorou, demorou umas 6 horas e só agora que eu comecei a escrever começou a chover.

Se tem uma coisa que a minha ansiedade não sofre é com a natureza. A expectativa pela água caindo do céu. o vento que precede a tempestade e agora finalmente entra no meu quarto. Acho isso bom. Não foi um dia tão ruim. Não foi uma semana tão ruim.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Em busca da fuga

Ontem eu não aguentei, saí sozinho mesmo e bebi. Bebi muito, enchi a cara.
Só fui pra casa quando tinha certeza de que iria direto pra cama dormir ou, no mínimo, ficar pensando em nada por um bom tempo. "Que se dane essa merda de ansiolítico, continuo consciente de mim".

Tem horas que me dá uma sensação insuportável de ser eu.

Remédio + álcool = péssima escolha. Errei, errei mesmo e sei disso, mas tem que você só quer mesmo se destruir. Nunca consigo me sentir bom o suficiente.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A incerteza de estar bem



Queria escrever sobre isso pois estou me sentindo muito incomodado. Como já escrevi por aqui, alguns dias me sentindo relativamente bem é meu recorde e, mesmo assim, foram dias que passei meio que dopado e fora de um estado em que pudesse prestar atenção nas coisas. Ainda assim considero um bom período, sem crises grandes de ansiedade, sem falta de ar, sem muitos pensamentos negativos, só eu vivendo (mais ou menos) do que que deveria ser... e sem recorrer a nenhum tipo de bebida alcoólica para efeitos parecidos.

Fui a um novo psiquiatra há um tempo atrás que me receitou Bromazepam, ele quis começar tratando dos meus sintomas físicos da ansiedade. Não pesquisei muito sobre esse medicamento, na verdade, nem me interessou muito fazer isso, O fato é que há algumas horas percebi que bati meu recorde, me sentido sob controle. Estou meio que animado mas ao mesmo tempo com medo. Tenho medo de ser como das outras vezes quando os remédios me ajudaram durante uns dias mas depois me levaram a crises depressivas piores dos que tinha... efeito da desilusão. Na época achava que ia tomar essas coisas e ia ficar tudo bem, quando percebi que meu corpo sabia se acostumar com isso, achei que minha vida ia ficar refém dessa merda de depressão e ansiedade pra sempre. Será que vocês me entendem? É como viver no inferno por uns 10 anos, chegar no paraíso por uma semana e depois voltar a abraçar o Diabo. É frustrante, na época pensei muito em morte.

O fato é que esse ansiolítico tem me feito um bem danado esses dias e até me fez pensar. E CARALHO, o quanto ter uns momentos sem ansiedade batendo no peito faz a gente pensar melhor. Refleti sobre a vida, meus novos amigos, o trabalho que eu quero, minha família, como minha ansiedade e depressão são EXTREMAMENTE ligados. Ontem, pela primeira vez na vida, deitei na cama e fiquei olhando pro teto com uma angústia quase nula, sem raiva, melancolia ou aperto no peito. Era só eu, minha cama, meu ventilador e o teto. Um cara normal deitado na cama e olhando pro teto, que sensação deliciosa. Coisa retardada, né? Mas há anos não curtia um tédio puro e simples assim. Na verdade, pensei que gostaria de estar daquela forma pra sempre. Imagino se é que é assim que as pessoas sempre se sentem. Se sim, consigo entender como algumas delas conseguem se sentir tão felizes, não acho que precisaria de mais do que aquilo que estava sentido. Percebi que com a depressão eu sou suficiente forte pra lidar em dias normais, mas com a minha ansiedade eu receio que seja batalha perdida, eu sinto.

Então eu tô aqui pensando em duas coisas. Primeiro: até quando meu estado vai durar. Segundo: será que um dia vou saber o que é estar "normal"? Meus remédios têm efeitos colaterais muito ruins e pra usufruir dessa aparente melhora eu tenho que sofrer com eles. Será que um dia eu vivo sem eles? Espero que sim. A verdade é que não sei se estou bem ou se só acho que estou por ter esquecido como é a normalidade, se é que alguém me entende.


quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Mais um ano

 
Image courtesy of Stuart Miles at FreeDigitalPhotos.net


Coisas ruins de 2015

- Meus sintomas da ansiedade ficaram piores
- Descobri que meu corpo sabe ter ataques de pânico
- Meu tratamento com antidepressivos não funciona
- Minha psicoterapia não funciona
- Passei um ano inteiro desempregado e om medo de trabalhar desse jeito (virei uma vergonha pra família)
- Não realizei o que desejei em 2014
- Perdi cerca de mil reais fazendo aulas numa auto escola as quais não finalizei pois tive uma crise no volante (e não me sinto capaz de voltar)
- Durante 12 meses, me senti um lixo com pernas

 Coisas boas de 2015

- Fiz uns amigos (e ainda estou aprendendo a ter isso)
- Vi algumas pessoas que gosto realizando uns sonhos
- Continuei vivo


Ao menos resisti mais mais um ano.