quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

A ansiedade voltou com tudo




É, meu amigos, parece que comemorei cedo demais. Por alguns meses realmente achei que estava próximo da cura ou que esse tratamento tinha sido o que estava procurando há mais de uma década por aí. Sobre isso eu tenho duas notícias, uma boa e outra má:

1) A má notícia é que essa merda não saiu de mim e na última semana minha ansiedade voltou com tudo, veio com força total, com direito a crise de pânico no trabalho e eu tendo que me explicar sobre o episódio. Foi mais uma vez algo doloroso e humilhante, culminação de uma semana inteira de pequenos episódios de ansiedade. Agora estou sentindo a mesmíssima coisa de sempre: falta de ar, confusão, descargas intensas de adrenalina (principalmente na barriga) a todo instante, inquietação, insônia... Olha, sinceramente, eu não sei mais o que faço. É inevitável pra mim pensar que viver desse jeito não é vida e que se for pra ser assim, prefiro morrer. Sério, eu preferiria morrer a viver desse jeito, sentindo dor, desconfortável. Isso não é vida e hoje, mais do que nunca, sei disso.

2) A boa notícia é que essa não é a primeira vez que isso me acontece. Nunca tinha passado tanto tempo me sentindo bem, mas não foi a primeira vez que experimentei algum bem-estar que depois foi arrancado de mim. Dessa vez durou alguns meses e eu gostei muito, tanto que não posso esquecer dessa melhora. Se alguma coisa funcionou pra mim em dado momento então outras podem funcionar depois. Talvez a mesma coisa que estou tomando agora pode funcionar melhor com algum ajuste também. Acho difícil pois acho que até já comentei aqui sobre isso antes: meu corpo tende uma forte resistência aos fármacos em pouco tempo. Geralmente, quando algo para de funcionar, não vai funcionar mais. Agora o que resta e isso, aguentar a ansiedade e lembrar que ainda há esperança. Fico revoltado com a vida e com o que ela me deu, mas deve haver esperança.


quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Pensamentos que cruzam a mente

1 - Por que o nome desse blog é uma tentativa de me definir como uma pessoa depressiva? Eu não quero ser um "jovem depressivo", nunca quis. Devo ter inventado esse nome em algum momento muito ruim, achando que colocando isso pra fora me sentiria melhor de alguma forma. Eu sei que estou com depressão e ansiedade, não deveria me rotular como um cara que é essencialmente assim. O que exatamente ganho quando me coloco como alguém que é e não que está? Autoafirmação inútil e danosa.

2 - Tive bons resultados com o Oxalato de Escitalopram. Estou há alguns dias sem tomar ele por não conseguir ir a um psiquiatra esses dias, mas não tem sido tão ruim assim sem ele. Meu sono piorou, mas nada comparado a chegar às 4h sem nem bocejar. Deito na cama, espero no máximo uma hora e o sono chega. Isso tudo sem remédio já é um ganho incrível  pra mim.

3 - O médico disse que nunca havia atendido ninguém com sintomas de falta de memória que apareceram tão rápido e logo após a suspensão de benzodiazepínicos. Ele disse que nem tem certeza se essa é a causa, mas nenhum de nós consegue encontrar qualquer outra explicação pra isso.

4 - Fiz 26 anos e nunca tive uma namorada. Estava refletindo sobre isso pela milésima vez, dessa vez sem nenhum sintoma de ansiedade ou confusão mental que geralmente apareciam quando pensava em qualquer coisa que me deixasse pra baixo. Na verdade, estou me sentindo assim dessa forma agora enquanto escrevo isso: estou calmo, sereno e até contente por poder estar escrevendo e escutando músicas ao mesmo tempo. Enfim, nesse momento, tenho duas ideias em mente sobre o assunto:

     4.1 - Minha baixa autoestima acabou com todas as minhas chances de me permitir me entregar à experiências que nos moldam como adultos. Além disso, a falta de experiência aumentou meus medos e inseguranças até virar esse grande misto de terror em me entregar por não ser experiente, fazer tudo errado, e também por achar que não mereço nada mesmo pois sou uma espécie de lixo que sabe andar. Tenho consciência de que isso é tudo besteira mas, pra ser sincero, por alguma razão, tenho medo de ser ridicularizado por essas duas razões, principalmente a primeira.

     4.2 Em tempos passados, estaria tendo uma grande crise ansiedade, com muita falta de ar e pensando freneticamente sobre isso. Por que nesse momento não me sinto assim? Agora, nesse momento de sobriedade, só posso pensar que perdi boa parte do meu interesse sobre as pessoas em geral e isso veio junto com o todo.

5 - Por que tenho bebido tanto ultimamente se estou muito melhor do que estava antes? Estou definitivamente mais tranquilo. Por que insisto em ficar bebendo quase todo dia? Algum tipo de efeito retardado de aliviar a tensão depois de tanto tempo de extremo desconforto interno ou algum coisa mal resolvida aqui dentro?

domingo, 22 de outubro de 2017

Consegui o que queria. E agora?

Há quase um ano atrás, escrevi essa postagem aqui. Não lembrava qual tinha sido o título, mas sabia que havia escrito algo sobre isso em algum lugar. Falei de um efeito em particular dos benzodiazepínicos: a falta de memória. Na época, achei que seria algo passageiro e que desapareceria em pouco tempo.

O fato é que há mais de um ano ainda sofro com isso e sem nenhum sinal de melhora. Notei uma piora na minha capacidade de memorização e também um certo grau de dificuldade de reter novas informações.

Relendo minha antiga postagem, vi que cheguei a conclusão de que quanto menos me lembrava, melhor eu ficava. Então, aparentemente, em certa medida, é um resultado que alcancei. Até a minha data de nascimento já tive certa dificuldade de lembrar em uma determinada ocasião. E o que estou achando disso? A resposta é não sei.

Sem sombra de dúvidas essa dificuldade que minha cabeça tem tido para trazer lembranças nítidas do meu passado (recente ou longínquo) me ajuda a ter menos crises de ansiedade Até pouco tempo atrás eu poderia acordar no meio da noite pensando em algo que me foi dito há anos atrás, mesmo tendo sido algo trivial para a outra pessoa, mas que me marcou. Hoje isso tem acontecido? Bom, a verdade é que esse tipo de episódio desapareceu da minha vida. Continuo tendo crises muito fortes com acontecimentos de alguns instantes, horas ou alguns dias atrás. Porém, essas mesmas coisas não têm voltado para me incomodar depois de algumas semanas. Meu cérebro não parece ter a capacidade de me dar aquele sensação fulminante de alerta já que não se lembra muito bem de como aconteceu.

Como nem tudo são flores, há o lado negativo. Perco coisas importantes, tenho cometido muitos erros, não lembro de datas, estou sempre com a sensação de estar com algo na ponta da língua mas que nunca sai dela. Outra coisa que pode parecer muito exagerada para quem ler isso mas é verdade: perdi a noção do tempo, pelo menos desses últimos quatro ou cinco anos. Se me perguntarem o que estava fazendo em 2013, não vou lembrar de nada a não ser de algo geral como estar estudando. Parece que não consigo ter certeza de eventos específicos. O mesmo para 2014, 2015 e 2016, confundo ou não sei de coisas que uma pessoa normal talvez soubesse facilmente. Quer dizer, um espaço de um ano é tão grande, como não se sabe nada de mais específico do que ocorreu nele sem recorrer a anotações, papéis, etc?

Estou feliz com isso? Talvez. Às vezes acho que sim, às vezes, não. O fato é que esse tem sido o preço de algum conforto para a minha mente,

sábado, 19 de agosto de 2017

As incertezas



O tempo passando e nunca mais vou ter 25, 24, 23 anos. Vejo minha história passando pelos meus dedos a cada dia e não tem nada que eu possa fazer sobre isso. Só posso lutar contra o niilismo persistente e fazer algo de bom nessa vida.

Quando eu era criança, tinha certeza de que aos 15 seria tudo diferente. Quando eu tinha 15, sabia que aos 20 minha vida iria mudar. Aos 20 não achava possível que passaria mais cinco sem ser quem eu queria me tornar. Agora, quase com 26, me pego pensando sem querer nos meus próximos anos, sem certeza de nada. Serão bons ou ruins? É tudo tão incerto.

As crianças dos anos 90 já cresceram e são adultas, quero crescer com elas.


Poeminho do Contra
"Todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!"
(Mario Quintana)

segunda-feira, 26 de junho de 2017

ASMR - Funciona?



Talvez alguém aí já deva ter ouvido falar desse termo, ASMR. Autonomous Sensory Meridian Response ou "Resposta Sensorial Autônoma do Meridiano" em português, é um termo utilizado para se referir a reações que algumas pessoas têm mediante a alguns estímulos que nem sempre funcionam para todo mundo. Não vou entrar em muitas detalhes técnicos sobre isso pois nem saberia explicar muito bem, mas, pra quem tem curiosidade de saber mais dessa coisa que tem me ajudado bastante, é só clicar aqui.

Basicamente, algumas pessoas têm reações que incluem um bem-estar difícil de ser explicado. Sensação de relaxamento, formigamento em determinadas partes do corpo (principalmente regiões da cabeça), arrepios, sono, etc. Pesquisando por aí, vi que não existem muitas pesquisas científicas sobre isso e as explicações não são muito conclusivas, mas comigo isso funciona. Não é nenhuma sensação de outro mundo e creio que a maioria de nós já sentiu ou sente isso em algumas situações, o negócio é que existe uma comunidade gigante na internet dedicada a isso. Há dezenas de vídeos no YouTube sobre o assunto e boa parte possui um objetivo em comum muito claro: combater a ansiedade.

Em poucas semanas, desde que comecei a assistir vídeos de ASMR, já consegui descobrir muitos sons que me dão boas sensações físicas. No meu caso, as reações mais comuns são formigamento na cabeça e arrepios (principalmente nos meus ombros). Continuo procurando vídeos novos, mas já notei que tenho uma sensibilidade com determinados sons em especial.

Há muitos tipo de barulhos que são usados pra acalmar nos vídeos e os seguintes são só alguns exemplos:

- Sussurros;
- Barulhos com a boca;
- Sons usando água;
- Sons de metais;
- Ruídos provenientes da fricção de objetos;
- Assobios;

Outra coisa que é muito forte na comunidade é o roleplay, vídeos nos quais as pessoas fingem estar fazendo determinada atividade: desde imitar procedimentos médicos até fingir estar conversando com a pessoa atrás na câmera. Pode parecer bem engraçado pra quem vê pela primeira vez, mas a verdade é que dá pra ver que isso faz muito bem para pessoas com ansiedade e quem têm alguma sensibilidade aos sons.

Outro fator que parece afetar muita gente (me incluo também) é o posicionamento da câmera. Pessoalmente, gosto de vídeos com a câmera bem enquadrada no rosto da pessoa e percebo que muitas pessoas gostam de vídeos dessa maneira. É difícil de explicar, mas me parece que isso dá uma sensação de aproximação muito mais real com a pessoa do outro lado.

Acho que mais do que ser sensível aos sons ou não, é importante salientar a presença de pessoas do Brasil inteiro que produzem conteúdo e também que assistem. São milhares de pessoas que sofrem com problemas de ansiedade, depressão e que deixam seus relatos nos comentários dos vídeos e fóruns dedicados ao tema. É meio assustado saber que há muita gente sofrendo dessa maneira, mas é reconfortante saber que há pessoas dedicadas a nos ajudar. Espero que isso possa ajudar mais alguém por aí.

Abaixo deixo alguns vídeos que gosto. A postagem ficou um pouco longa, mas eu realmente acho que isso pode ajudar alguém por aí. Lembrando que é extremamente recomendável que se use fones de ouvido:




sábado, 27 de maio de 2017

A felicidade que quero



Havia lido em livro que vi por aí uma dessas frases bem clichés sobre viver o agora, aproveitar o presente e deixar todo o resto pra lá, já que nem sabemos se amanhã estaremos aqui. Li isso de manhã, acho que meu inconsciente gravou e, com uma pequena situação de prazer, me senti muito bem.

Larguei da faculdade à noite e fiz meu caminho sozinho pra casa nessas ruas desertas. Coloco meus fones de ouvido como sempre faço (não dou a mínima se me assaltarem) e vou andando pelas ruas do bairro. Começa a chover e não tenho guarda-chuva. Nunca tive medo de chuva e meu celular estava relativamente protegido dela em uma capa dentro do meu bolso. Eu gosto da chuva e, normalmente, só não ando nela sem qualquer proteção por receio do que as outras pessoas vão pensar. Mas já estava perto das 22h, não havia praticamente ninguém lá fora, já estava todo mundo escondido em casa, talvez aproveitando as temperaturas amenas que têm feito. "Dane-se, vou assim mesmo", pensei.

A chuva vai caindo forte, eu vou me molhando, minhas músicas vão rolando e meus pensamentos vão maturando... "E se eu morrer amanhã?". Vem som e vai som e uma música em especial começa a tocar. Começo mexendo um pouco a boca já bastante distraído pelo som. "É, mas e se eu morrer amanhã?". Comecei a prestar mais atenção nos pingos de chuva caindo na minha cabeça, nos meus braços, escorrendo no meu rosto, são tão bons. Já estou todo encharcado e não dou a mínima.

Sinto que tudo o que fizer será abafado pelo som da chuva e mesmo o que não for, provavelmente, não será ouvido por ninguém. À essa altura eu pouco me importo, já estou cantando todas as músicas que tenho o prazer de escutar, aproveitando a sensação no meu corpo e uma plenitude que não lembro quando senti pela última vez, me vejo como uma criança de novo. Me sinto em paz, caminhando na chuva como se não houvesse amanhã e nem ontem, como se não houvesse celular pra proteger no bolso (pro inferno esse celular), era como se nada fosse me parar. Me senti digno daquela felicidade e, me conhecendo como me conheço, isso foi uma grande conquista. Digo, meus amigos, estava genuinamente feliz. Essa é a felicidade que quero para a minha vida.

Passada a euforia, só tenho a certeza de que a vida ainda vale a pena. Acho que queria amigos para serem meus pingos de chuva, alguém especial que nunca tive pra ser a minha música e um pouco mais de saúde mental pra perceber tudo isso. Pode ser que volte muitas vezes aqui pra reclamar dos meus desejos que nunca realizei. Não sei se lembrei ou se simplesmente descobri depois de tantos anos, mas que fique registrado que acho que já sei onde quero chegar.

terça-feira, 2 de maio de 2017

O infinito lugar onde o mundo é o que é: a internet

Tem lugar mais deprimente que a internet? Acho que não.

Acho que é aqui mesmo onde a verdadeira face da sociedade aparece. É aqui que podemos ver o quanto o mundo é uma coisa errada, como as pessoas estão doentes e todas as bizarrices que contribuem para deixar a vida uma droga mas ninguém tem coragem de falar por aí.

Acho incrível como uma busca rápida no Google por "ansiedade", "depressão" e termos afins, com os devidos filtros de busca, me leva a um milhão de blogs de pessoas doentes falando sobre os mais diversos assuntos. E quando digo "doentes" falo de doenças mentais mesmo: depressivos, ansiosos, borderlines, bipolares... Que mundo é esse que todo mundo é doente desse jeito?

Acho interessante que lendo esses blogs e fóruns penso que as pessoas escrevendo aqui podem ser e estar em qualquer lugar, pode ser o atendente da padaria, o cobrador do ônibus, o vendedor da loja. Agora me chama atenção mesmo a quantidade de pessoas com alta estabilidade financeira, têm muitas por aqui: engenheiros, enfermeiros, arquitetos, professores universitários e muitos servidores públicos. Todo mundo tentando colocar pra fora o mal-estar generalizado do mundo.

Essa é mais uma postagens que não conseguiria escrever em menos de 500 linhas. Um dia ainda acho que escrevo um livro inteiro sobre isso ou junto tudo o que escrevo de vez em quando e coloco aí como e-book só pra não precisar escrever tanta coisa solta. Falaria sobre tanta coisa que vejo por aqui: desde simples blogs como esse até sobre "movimentos" inteiros que acontecem por aqui dentro dessa "comunidade" relacionada à doenças mentais e sociais, alguns realmente me deixam curioso.

Eu só acho muito louco tudo o que acontece aqui internet: gente dizendo que vive uma vida totalmente falsa, gente que diz que todo dia tá sorrindo mas chega em casa e só quer se matar. Tem também gente traindo (e o outro nem desconfia), os que sofreram traições e relatam por aqui, pessoas lutando contra a própria sexualidade, tem os que odeiam a sexualidade dos outros. Enfim, o negócio é que, se todo mundo está falando a verdade, é uma coisa espantosa. Talvez as próprias pessoas que vêm desabafar suas angústias nem percebam pois estão focadas em coisas específicas, mas quando você olha pra tudo de uma maneira maior vê que tem todo um mundo estranho acontecendo por aqui. São milhões de pessoas despejando aqui os verdadeiros sentimentos.

Às vezes, chego a achar que a internet é a verdadeira sociedade pois é aqui onde as pessoas conseguem falar o quão malucas estão ficando e não escondem nada. Me pergunto se ficaríamos melhor sem ela.

Bom, esse foi só mais um devaneio.

domingo, 23 de abril de 2017

Não acredito em casamento



"Casamento não dá certo". Na minha cabeça, essa é a regra e tem as exceções. E mesmo dentro dessas exceções, ainda desconfio muito.

Minha intenção não é ferir ninguém que está lendo isso aqui, até porque sei que isso deve ser coisa da minha cabeça como vou explicar mais adiante. Eu só quero tentar ser o mais honesto possível comigo mesmo, escrever sobre isso e, quem sabe, ler quem pensa involuntariamente coisa parecida ou mesmo que pensa o contrário.

Quando ouço alguém falar que é feliz dentro do casamento eu penso uma das quatro:

1ª) A pessoa é infeliz e quer manter a aparência. Pior do que ter uma vida conjugal de merda é as pessoas saberem que essa vida é uma merda.

2ª) A pessoa é infeliz, não liga tanto em manter as aparências, mas está tentando se enganar dizendo que está tudo bem e que a vida é assim mesmo. Parece que o destino de todo mundo é ter um relacionamento assim e é melhor aceitar quando isso acontece de ser uma desgraça; Fingir para si mesmo que tá tudo legal (ou mais ou menos) é muito melhor. Me vem na cabeça que é um jogo psicológico contra si próprio.

3ª) A pessoa está feliz, mas só está curtindo os primeiros meses ou anos juntos. Mal sabe ela que tudo vai acabar como a 1ª ou 2ª opção, especialmente quando os filhos chegarem. Algo que, aliás, já constatei ser a grande pólvora para explodir a paciência dos casais que nem sabem o porquê de terem se casado ou achavam que sabiam mas estavam enganados.

4ª) A pessoa é feliz e realmente aparenta naturalmente ser mesmo depois de tanto tempo.

Isso tudo vem só de observações minhas e exemplos que vejo, alguns mais pessoais, outros não. O fato é que 99% das vezes que olho pra cara de pessoas casadas não consigo sentir felicidade alguma. Geralmente, vejo muito tédio e aquela aceitação de que as coisas vão ser assim mesmo e é melhor engolir pois ninguém quer morrer sozinho.

Tenho poucas ocasiões sociais nas quais vejo pessoas casadas mas, quando vejo, me parecem pessoas infelizes com aquilo tudo ou, no mínimo, entediadas. Não consigo sentir nenhum tipo de alegria genuína, sinto no máximo um companheirismo que por vezes me parece que foi forçado por pressão social.

Outra coisa é aquilo que ouço em conversas por aí: tem pessoas, especialmente homens, que não fazem questão nenhuma de fingir que o casamento não os satisfaz.  Dia desses uma pessoa estava falando comigo (aparentemente sem motivo nenhum pois não pergunto nada sobre esse tipo de assunto) de suas aventuras extraconjugais, de como periodicamente traía sua mulher. Não consegui resistir e fiz a pergunta: "Mas porque você casou então?". E a resposta veio do jeito mais natural e espontâneo possível: "Pra não ficar só. O cara tem que ter uma pessoa".

"Mas, Skull, casamento nenhum é perfeito, é preciso entender isso". Não deve ser perfeito mesmo. Só que a coisa que mais vejo é casal brigando, falando grosso um com o outro, perdendo a paciência, fazendo até ironia. Se essa é a felicidade que demonstram em público quando "deveriam" manter as aparências, como será que é quando estão sozinhos? Só consigo pensar que é uma droga ou a tal felicidade que essas pessoas falam e dizem que têm é sexo certo todo dia. É involuntário, mas penso assim na maioria das vezes mesmo. Apesar de querer uma pessoa na minha vida, não quero acabar assim, mas acho que as chances de dar errado são altíssimas.

Como disse no início, isso deve ser coisa da minha cabeça. Pelo menos prefiro acreditar que é. Não tenho essa experiência então talvez tenha alguma coisa aí que não consigo captar nos outros. Ou, talvez, me baseie demais em exemplos ruins que vi e vejo.

Há alguns dias atrás estava sentado no ônibus e um casal de velhinhos entra. Eles passam pela catraca e vão pro fundo, os dois com sorrisos estampados na cara. Estavam rindo mesmo, fazendo piadas. De repente, os dois se abraçam, o senhor apoia a cabeça no ombro dela e pergunta num tom de interesse verdadeiro: "Vai fazer o que quando chegar em casa?". Fala como quem realmente quer saber e não como quem quer dizer "Mulher, vai ter o que pra comer hoje?". Ela responde fazendo graça e os dois não param de rir. Ficam assim até eu descer e, sem saberem, me deixam pensativo .

Escreveria uma bíblia sobre o que achei daquilo e como aquela situação contradizia tudo o que a minha cabeça pensa normalmente à respeito. Na verdade, escreveria outras coisas que não escrevi aqui, mas acho que já foi o suficiente por hora.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Pensando

- Desisti do estágio e continuo emocionalmente abalado por isso. Algumas questões ainda precisam ser resolvidas. Foi uma experiência ruim e não quero mais nada parecido com aquilo;

- Tenho medo de virar um inválido sem emprego e sem perspectiva. Estudo muito, não sei o que fazer com o que sei e tenho medo da maioria das situações;

- Preciso me aproximar das pessoas. Eu sei que gosto das pessoas, mas bloqueio 99% de contatos mais íntimos com elas. Meu negócio é falar um pouquinho com o pessoal da faculdade e recusar todos os convites para sair e fazer alguma coisa fora dela. Recuso todas as potenciais amizades mas sei que amigos são importantes. Tenho um medo extremo de intimidade;

- Definitivamente, preciso de mais alguém na minha vida;

- Testando mais remédios inúteis de novo. Já é o nono ou décimo, difícil contar.

- Fiz natação por um mês. Não se foi o ambiente que me deixou melhor ou se a coisa realmente ajuda os meus pulmões, mas senti uma melhora na minha falta de ar constante. Infelizmente, provavelmente, terei que parar pela situação financeira, mas nadar é bom. Gosto de qualquer coisa relacionada à água.

domingo, 26 de março de 2017

Não consigo trabalhar

Da última vez que escrevi alguma coisa lembro que estava bem melhor. Nos últimos dias tenho me sentido muito mal. 50% do tempo pensando pensando m morrer, nos outros 50 estou medicado ou dormindo.

Arranjei um estágio há uns dois meses atrás. Não era exatamente o que eu queria e nem na área que eu queria, mas queria fazer alguma coisa, ganhar algum dinheiro também, pelo menos pra pagar a minha faculdade ou dar pra alguém aqui de casa o que sobrasse. O negócio é que esse estágio coloca minha ansiedade em níveis que não consigo explicar. Todo dia é uma luta, todo dia eu quero desistir. Fico mais doente só de pensar nos dias que preciso ir.

Não acho que o estágio seja ruim, mas não me sinto preparado pra isso. Não tenho preguiça, pelo contrário, até faço mais do que deveria e em horários que não deveria estar lá, mas não consigo levar essa coisa desse jeito. Qualquer sinal de responsabilidade dispara os meus maiores medos, fico sem ar, cansado, tonto. Tive um ataque de pânico que algumas pessoas viram e isso me quebra ainda mais.

Além disso, a cada dia que passa me sinto pior pelo tempo que tá passando. Não fiz nada, não conquistei nada. Acho que a única coisa que consegui foi sobreviver até agora... grande merda. Sobreviver sem viver não serve de nada. A vontade de morrer é grande, meus dias agora se resumem a isso: pensar sobre isso, ensaiar com a cabeça, fazer planos. Depois de tudo isso, eu sempre tenho algum momento de lucidez e consigo enganar a minha cabeça. Eu bebo, eu tomo uns remédios, dou um jeito. Então eu durmo, acordo me sentindo um merda também, mas pela manhã ninguém tem energia nenhuma pra pensar em suicídio, então passo a tarde e a noite sofrendo em casa. Daí outro dia vem e depois ele vai.

Não consigo trabalhar assim, quero desistir.


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Me sinto melhor

É triste e feliz ao mesmo tempo ter que admitir, mas voltei a tomar remédios. A coisa mais dolorosa foi que, no final das contas, voltei a tomar a mesma combinação que recebia antes, incluindo benzodiazepínico. Infelizmente, meu corpo não reage a outro tipo de medicação que já testei e nem à doses baixas. Então é isso aí, mesmo depois de tanto reclamar, choramingar e lutar contra, eu percebo que é muito improvável que eu tenha uma vida normal sem esse tipo de coisa, pelo menos não em um futuro próximo.

Há alguns meses atrás, lembro que estava achando tomar essas coisas algo muito ruim. Acho que, na minha cabeça, era como se estivesse me entregando de vez e decidi parar. Sofri e ainda sofro com efeitos colaterais? Sim, mas me sinto melhor. Acho que não vou ter tudo então escolho o menos pior. No momento, não me interessa mais se a minha memória continua ruim ou se tenho mais riscos de ter alzheimer no futuro, como vi em alguns sites por aí. Sinceramente, estou muito melhor do jeito que estou agora. Menos falta de ar, sem ataques de pânico, no máximo um grande desconforto suportável. Também consigo dormir de novo, um sono bom, sentia muita falta de um sono assim.

Estou conseguindo estudar mais, até arranjei um estágio (que é melhor do que nada). Pra quem estava com medo de enviar currículos pra certos lugares com medo de ser chamado, agora está quase tudo muito melhor. Lembro que fiz e saí confiante da entrevista pensando "Dessa vez, eu consigo". Coincidência isso tudo não é. O tratamento medicamentoso não muda 100% do que sou, mas a verdade é que é me ajuda, essa é a realidade.

Não quero me acostumar a lidar com meu transtorno de ansiedade desse jeito, mas é o que tem pra hoje e não acho isso tão ruim. Espero que esse ano continue melhorando, quero conseguir tocar a minha vida.